quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O lado obscuro do ‘milagre econômico’ da ditadura: o boom da desigualdade


O Brasil porizado tem reproduzido uma frase que estava na boca de alguns saudosistas de tempos em que notícias sobre violência e economia em marcha  lenta pareciam raras. “Na época dos militares era melhor”, tornou-se bordão de quem viveu aqueles anos, e ignora a repressão e a presença de censores nos jornais da época para filtrar notícias negativas à ditadura.  A ideia ressurgiu inclusive entre jovens que se anunciam eleitores do pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro, por acreditar que no tempo do regime militar o Brasil era mais alentador do que os dias atuais. Bolsonaro alimenta essa ideia tecendo elogios ao período. Entre os argumentos mais utilizados pelo candidato e pelos defensores da intervenção para mostrar a eficácia do regime está a conquista do "milagre econômico", que ocorreu no Brasil entre 1968 e 1973. De fato, nesta época, o país conseguiu crescer exponencialmente, cerca de 10% ao ano, e atingiu, em 1973, uma marca recorde do Produto Interno Bruto (PIB), que aumentou 14%. O avanço veio acompanhado também de uma forte queda de inflação. A taxa, medida na época pelo Índice Geral de Preço (IGP), caiu de 25,5% para 15,6% no período.
O que não se explica diante desse número, entretanto, é o fato de o crescimento ter sido muito bom para empresários, e ruim para os trabalhadores. Para que o plano de crescimento funcionasse, os militares resolveram conter os salários, mudando a fórmula que previa o reajuste da remuneração pela inflação, o que levou a perdas reais para os trabalhadores. A adoção de uma medida tão impopular só foi possível através do aparato repressivo do regime sobre os sindicatos, que diminui o poder dos movimentos e de negociação dos operários. Os militares também interferiram em diversos sindicatos, muitas vezes substituindo seus dirigentes. “Foi um crescimento às custas dos trabalhadores”, explica Vinicius Müller, professor de história econômica do Insper. O arrocho salarial acabou aliviando os custos dos empresários e permitiu reduzir a inflação.
A melhora na atividade econômica se explicava, à época, por uma combinação de fatores. Uma conjuntura mundial mais favorável naqueles anos permitiu crédito externo farto e barato, por exemplo. O Brasil, por sua vez, criou regras que facilitaram a entrada de capital estrangeiro e investiu num programa de desenvolvimento do parque industrial além de reformas estruturais. O crescimento foi acompanhado pela abertura de novos postos de emprego no mercado formal e da expansão do consumo interno. Economistas ouvidos pelo EL PAÍS explicam que o milagre aconteceu principalmente regado a dinheiro internacional que aterrissou através da entrada de multinacionais que encontraram no Brasil um terreno propício para a expansão sob a tutela dos militares, e também por empréstimos advindos de fundos internacionais. Era um ambiente oposto ao do período anterior ao golpe de 1964, quando a grande convulsão política, em plena guerra fria, no país tornava o ambiente econômico incerto e afugentava o investidor.

Problemas sociais

Como a distribuição dos resultados do crescimento econômico foi bastante desigual, a concentração de renda também aumentou muito no período, especialmente entre a população que possuía um grau maior de instrução. Isso fez com que a desigualdade social conhecesse níveis nunca vistos antes. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini, utilizado para medir a concentração de renda estava em 0,54 (o coeficiente de Gini vai de 0 a 1, quanto mais perto de 1, mais desigual) e pulou para 0,63 em 1977. Os economistas foram unânimes em dizer que os empresários e a classe média que possuía maior nível de instrução foram beneficiados em detrimento da parte mais pobre da população.
Os altos índices de crescimento do PIB vividos enquanto a ditadura esteve instalada no país também não foram acompanhados de uma melhora nos indicadores sociais. Foi exatamente o oposto do que aconteceu.
Além disso, como o governo militar fez uma escolha de investir maciçamente na industrialização, inclusive do campo, muitas pessoas decidiram abandonar o sertão com o sonho de tentar uma vida melhor na cidade, incentivando um êxodo rural sem planejamento  e nunca revertido. Segundo o IBGE apenas 16% da população morava no interior do país em 2010.
O crescimento econômico durante a ditadura começou a ser alavancado durante o Governo de Castelo Branco, que adotou um ambicioso programa de reformas para equilibrar as contas públicas, controlar a inflação e desenvolver o mercado de créditos. Batizado de Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), ele foi responsável por reformas fiscais, tributárias e financeiras. Castello Branco implementou diversas medidas no sentido de incentivar um maior grau de abertura da economia brasileira ao comércio e ao movimento de capitais com o exterior. A partir de 1964, também foram introduzidos na legislação brasileira diversos mecanismos de incentivos às exportações.
Mas foi no Governo do general Emílio Garrastazu de Médici, sob o comando do então ministro da Fazenda, Antonio Delfim Netto, que o projeto econômico teve como princípio o crescimento rápido, com expressivo aumento da produção – com destaque para indústria automobilística- e grandes obras de infraestrutura. “O Governo apostou em grandes obras e investimento estimulando o setor privado e usando o crescimento como propaganda para legitimar o regime durante a época mais repressiva da ditadura. Era muito importante que ele tivesse apoio de uma parte da sociedade”, explica Muller.
Foi nessa época que nasceu o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (IPND). O plano investiu principalmente na construção de estradas e obras de infraestrutura, como por exemplo, a Ponte Rio-Niterói (começou em 1969 e foi inaugurada em 1974) e a nunca terminada rodovia Transamazônica.

Crise do petróleo

Na crista do ciclo do crescimento, a economia brasileira tão dependente de empréstimos estrangeiros, passou a enfrentar certa dificuldade quando uma forte crise econômica abalou o cenário internacional: o choque do petróleo. Conflitos entre países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) derrubaram a oferta do insumo entre 1973 e 1974, fazendo os preços quase quadruplicarem no período (o barril subiu de três dólares para11,60), afetando países importadores como o Brasil.
“Com a crise internacional de 1973, temos uma quebra deste modelo econômico baseado no alto endividamento externo e, com isso, a economia vai perdendo força”, afirma o historiador Pedro Henrique Pedreira Campos, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Como a estabilidade econômica era um argumento essencial para a manutenção do governo militar, os economistas que faziam parte do regime optaram por não abrir mão do modelo e decidiram que o país deveria continuar crescendo a qualquer custo, mesmo que continuasse se endividando cada vez mais.
Foi nesse contexto que surgiu o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (IIPND), este ainda mais ousado que o primeiro, que investiu especialmente na criação e expansão de empresas estatais. A Petrobras ganhou subsidiárias, a usina hidrelétrica de Itaipu foi construída, mostrando o quanto a geração de energia era uma bandeira importante naquele momento em que o Brasil ainda não tinha uma matriz energética estabelecida e necessitava da importação desse bem.
Muller destaca que “os militares tinham planejamento a longo prazo” e que a ideia inicial era de que o país ficasse independente da importação de energia e começasse a gerar renda com a sua produção própria, essa renda seria utilizada para saldar a dívida externa. O plano deles, entretanto, não contava com a retração das maiores economias que, em determinado momento, chegaram para cobrar a fatura. A crise se prolongou mais do que o Governo imaginava.
Mas a conta do crescimento desenfreado baseado em um alto grau de endividamento ficou para a redemocratização. Ao deixarem o poder em 1984, a dívida representava 54% do PIB segundo o Banco Central, quase quatro vezes maior do que na época que eles tomaram o poder em 1964, quando o valor da dívida era de 15,7% do PIB. A inflação, por sua vez, chegou a 223%, em 1985. Quatro anos depois, o país ainda não tinha conseguido se recuperar e ostentava um índice de inflação de 1782%. No jargão econômico, costuma-se dizer que os militares deixaram uma “herança maldita”.
“Embora o regime tenha aparelhado muito bem grande parte do nosso parque industrial, melhorado em aspectos técnicos e tecnológicos a infraestrutura, quando veio a conta, a conta veio muito alta”, explica Guilherme Grandi, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA/USP)”

Os militares e a corrupção

Outra percepção recorrente é a de que no período da ditadura não havia corrupção. “Vários estudos já comprovaram que existia corrupção e era mais fácil que esses malfeitos ocorressem porque não havia investigação”, ressalta Grandi. Segundo ele, a relação promíscua entre interesses privados e órgãos públicos foi aprimorada nesse período.
Pedreira Campos é autor do livro Estranhas Catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988 que analisa mais profundamente essa relação. “Houve vários casos de corrupção na ditadura, principalmente no período da abertura envolvendo agentes do estado que foram acusados de se apropriar de recursos públicos”.
A ausência de notícias sobre corrupção no período tem também outra explicação. O Brasil viveu sob um regime de censura que foi estabelecida nos meios de comunicação que estavam orientados a publicar notícias que fossem favoráveis ao governo. E é por conta dessa propensão a maquiar a realidade que notícias denunciando escândalos de corrupção não estampavam a manchete dos jornais. “Um cenário como esse é ideal para a prática da corrupção, os indícios indicam que havia mais corrupção naquele período”, completa Pedreira Campos.
El Pais

Vale a pena ver e pensar: Vício em tecnologia satirizados em ilustrações


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Naviraí: Prestes a sair, Adriano deixará gestão mais frágil das pernas


Há o entendimento de que sem as pessoas, torna-se impossível oferecer serviços de qualidade. O mundo moderno está cada vez mais exigente. No setor público, o que se vê são reclamações dos cidadãos/usuários sobre o mau atendimento e sobre serviços de má qualidade. 

A importância de se ter na gestão pública municipal, uma forma que busque nas pessoas a competência não apenas técnico-teórico, mas a capacidade delas gerarem resultados dentro dos objetivos organizacionais, vem à tona nestes últimos dias de novembro, em Naviraí.

Salientamos isso, devido a dois exemplos explícitos na cidade: A própria Gerência de Saúde local já estar no segundo gestor em menos de um ano e, se as coisas continuarem como estão, logo vem a terceira opção para dirigir a pasta - e o Gerente de Serviços Públicos, Adriano Silvério, que pode se afastar final de semana agora.

O afastamento do servidor Adriano Zecão(como é conhecido), foi anunciado timidamente em uma reunião plenária da Câmara de vereadores, mas dias depois, foi confirmada a sites locais como sendo verdadeira. Segundo noticiou-se, o Gerente deve se afastar da administração Izauri no dia primeiro de dezembro, sexta-feira próxima.

Segundo informações colhidas junto a pessoas que compõe o quadro de funcionários da prefeitura, isso se for mesmo concretizado será uma imensa perda para o prefeito.A opinião também é compartilhada por munícipes e lideranças políticas da cidade. 

As opiniões sobre o caso ser um verdadeiro desfalque à atual gestão refere-se oa trabalho do gerente na cidade, que desde o início da administração não poupou esforços e literalmente arregaçou as mangas nas incontáveis frentes de serviço onde ficaram sua marca de  determinação e competência.

Todo este trabalho de 11 meses na Gerência de Obras e Serviços fizeram Adriano ser um consenso na cidade, e sinônimo de que pelo menos um setor público municipal funcionava perfeitamente e a contento.
Única Gerência Municipal que não foi alvo de cobranças ou críticas, tanto da mídia como também da municipalidade, a saída de Adriano deve-se principalmente ao fato das dificuldades encontradas no setor o qual é ainda responsável, principalmente na questão material . A Gerência enfrenta dificuldades em seu orçamento e sobrecarga dos mais variados serviços que tem pela frente, o que torna desgastante ao responsável pela pasta.

Em um trabalho de pouca divulgação, Adriano Zecão foi responsável por enorme mudança no visual da cidade, desde que aceitou o convite de Izauri para o cargo. Detalhista e determinado, trabalhou em muitos casos aos finais de semana e feriados, sempre com muita humildade - o que levou a população a simpatizar com seu trabalho e esforço.

Resta agora saber se o afastamento será mantido, ou se Dr. Izauri já conversou com o mesmo, para mantê-lo em seu quadro, afinal, Adriano saindo, a gestão Izauri efetivamente se tornará muito mais frágil . E dificilmente haverá um substituo à altura, com tamanha vontade e simplicidade para resolver questões que foram além de sua pasta.



domingo, 26 de novembro de 2017

Áudio: Após 3ª morte de criança em hospital em 24 horas, Neninha desabafa indignado


Na data de ontem, domingo(26) o vereador Ederson Dutra(Neninha) desabafou logo após ter participado do sepultamento de duas crianças, que nasceram mortas no Hospital Municipal, a Santa Casa de Naviraí.
O vereador, em fala sincera e em tom de indignação, alegou não ter visto em momento algum no local ,alguma autoridade municipal ligada ao setor de Saúde, e tampouco não ouviu qualquer manifestação sobre o caso das duas crianças de ontem e de uma outra que veio à óbito no dia anterior, sábado(25), também no nosocômio local.
Segundo Neninha, em áudio o qual o site ms Verdade teve acesso ontem à tarde, diretor do hospital, assistente social, prefeito e gerente de saúde, Sr. Edvan , se postam com total indiferença quanto à situação da saúde local e casos similares a este, que deixam famílias enlutadas e extremamente entristecidas. Não há o mínimo auxílio como manda o protocolo, às famílias vitimadas, ou uma explicação pública sequer.
Em meio à indignação, Neninha foi enfático ao questionar: " O que é que está errado? O que está acontecendo com Naviraí?". Neninha complementa alertando que as famílias procuram uma RESPOSTA dos responsáveis pela saúde municipal .
O vereador aproveitou para esclarecer que o atual gerente de saúde, Edvan, não tem(+)condições de permanecer na pasta.
Finalizou o desabafo dizendo que 'a saúde Naviraí está doente, e está na hora de todos se unirem e rever os próprios conceitos, porque senão será tarde demais.'
Ouça o áudio na íntegra:



sábado, 25 de novembro de 2017

Cultura: John Locke



John Locke foi um importante filósofo inglês. É considerado um dos líderes da doutrina filosófica conhecida como empirismo e um dos ideólogos do liberalismo  e do iluminismo. Nasceu em 29 de agosto de 1632 na cidade inglesa de Wrington. 

Biografia de John Locke

Locke teve uma vida voltada para o pensamento político e desenvolvimento intelectual. Estudou Filosofia, Medicina e Ciências Naturais na Universidade de Oxford, uma das mais conceituadas instituições de ensino superior da Inglaterra. Foi também professor desta Universidade, onde lecionou grego, filosofia e retórica. 


No ano de 1683, após a Revolução Gloriosa na Inglaterra, foi morar na Holanda, retornando para a Inglaterra somente em 1688, após o restabelecimento do protestantismo. Com a subida ao poder do rei William III de Orange, Locke foi nomeado ministro do Comércio, em 1696. Ficou neste cargo até 1700, onde precisou sair por motivo de doença. 


Locke faleceu em 28 de outubro de 1704, no condado de Essex (Inglaterra). Nunca se casou ou teve filhos.


Empirismo filosófico de Locke


Para John Locke a busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências e não por deduções ou especulações. Desta forma, as experiências científicas devem ser baseadas na observação do mundo. O empirismo filosófico descarta também as explicações baseadas na fé. 


Locke também afirmava que a mente de uma pessoa ao nascer era uma tábula rasa, ou seja, uma espécie de folha em branco. As experiências que esta pessoa passa pela vida é que vão formando seus conhecimentos e personalidade. Defendia também que todos os seres humanos nascem bons, iguais e independentes. Desta forma é a sociedade a responsável pela formação do indivíduo.


Visão Política de Locke


Locke criticou a teoria do direito divino dos reis, formulada pelo teólogo e bispo francês Jacques Bossuet. Para Locke, a soberania não reside no Estado, mas sim na população. Embora admitisse a supremacia do Estado, Locke dizia que este deve respeitar as leis natural e civil.


Locke também defendeu a separação da Igreja do Estado e a liberdade religiosa, recebendo por estas ideias forte oposição da Igreja Católica.


Locke, assim como Montesquieu, defendia que o poder deveria ser dividido em: Executivo, Legislativo e Judiciário. De acordo com sua visão, o Poder Legislativo, por representar o povo, era o mais importante e, portanto, os outros dois deveriam estar subordinados a ele. Vale lembrar que, no entendimento de Montesquieu, deveria haver uma relação de equilíbrio entre os três poderes.


Embora defendesse que todos os homens fossem iguais, foi um defensor da escravidão. Não relacionava a escravidão à raça, mas sim aos vencidos na guerra. De acordo com Locke, os inimigos e capturados na guerra poderiam ser mortos, mas como suas vidas são mantidas, devem trocar a liberdade pela escravidão.


Principais obras de John Locke


- Cartas sobre a tolerância (1689)
- Dois Tratados sobre o governo (1689)
- Ensaio a cerca do entendimento humano (1690)
- Pensamentos sobre a educação (1693)

Frases de John Locke

- "Não se revolta um povo inteiro a não ser que a opressão seja geral."
- "A leitura  fornece conhecimento à mente. O pensamento incorpora o que lemos".
- "As ações dos seres humanos são as melhores intérpretes de seus pensamentos". 

Suapesquisa

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Criminosos de SC põem fogo em casal, filmam e divulgam nas redes


A Polícia Civil de Palhoça, na Grande Florianópolis (SC), fez buscas na quarta-feira (22) à segunda vítima de um crime bárbaro que chocou a cidade. Bandidos atearam fogo a um casal na madrugada de terça-feira (22) em um matagal no bairro Pacheco, próximo a BR-101. O corpo de Rudimar Gonçalves Muller, de 18 anos, foi encontrado e identificado pelo IGP. Já Thuane Gonçalves da Cruz segue desaparecida.
Os criminosos filmaram a ação e compartilharam a crueldade nas redes sociais. As imagens mostram os bandidos torturando o jovem e, em seguida, incendiando a vítima. Depois, queimam a garota. A delegada Raquel Freire, titular da Divisão de Investigação Criminal do município, informa que equipes estiveram durante o dia na região, mas não encontraram a jovem.
Segundo a delegada, há indício de que a Thuane também tenha sido vítima de homicídio. No entanto, sem o corpo não há como confirmar. Sobre o compartilhamento dos vídeos, Raquel Freire é dura:
— Foram filmados pelos algozes por vontade deles, numa ação de reivindicar esses mortes, tendo como motivação a disputa de pontos de venda de drogas. O que importa é que a intenção de viralizar esses vídeos é justamente chocar a população e impor o medo.
Até o momento, nenhum dos assassinos foi preso. Junto ao corpo de Rudimar, os bandidos fixaram uma placa escrita “morreu porque é cagueta (dedo duro)”.
Fonte: GZH

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Um em cada três brasileiros está pessimista em relação ao futuro


Pesquisa da VAGAS.com mostra que 34% dos respondentes acreditam que o mundo no futuro será pior ou muito pior   
Um em cada três brasileiros está pessimista em relação ao futuro do planeta. É o que revela levantamento inédito sobreCenários para o Século XXI realizado pela VAGAS.com, empresa líder em soluções tecnológicas para recrutamento e seleção. De acordo com o estudo, 34% dos respondentes acreditam que no futuro o mundo será pior ou muito pior que hoje. Para 48%, será melhor ou muito melhor. Em 6% das respostas foi constatado que o futuro será igual e 12% informaram que não sabem. 
O levantamento foi realizado de 27 a 30 de setembro deste ano por meio da base de currículos cadastrados no portal de carreira VAGAS.com.br. A pesquisa contou com 2999 respondentes, sendo 57% homens e 43% mulheres, com idade média de 33 anos, 74% pertencentes à região Sudeste, 51% ocupando cargos operacionais e 59% com nível superior completo ou incompleto.
A pesquisa procurou saber em qual mundo os filhos viverão no futuro. Para entender melhor esse cenário, as respostas foram agrupadas em 12 temas: social, educação, tecnologia, mercado de trabalho, saúde, meio ambiente, família, política, segurança, economia, meios de comunicação e alimentação. Os assuntos que mais receberam respostas foram: social (44%), educação (44%) e tecnologia (43%). Num segundo patamar, mercado de trabalho (39%), saúde (38%), meio ambiente (35%) e família (35%). Já as referências de política (21%), segurança (12%), economia (6%), meios de comunicação (6%) e alimentação (3%) tiveram poucas citações. Em cada tema, houve também a divisão entre referências negativas e positivas. Dos 12 temas avaliados, em sete prevaleceram as menções negativas enquanto nos outros cinco dominaram as positivas.
Veja abaixo o percentual de referências negativas registradas em cada tema e assuntos mais mencionados pelos respondentes a partir da pergunta aberta e sem limitação de tamanho de texto: o meu filho viverá em um mundo:
- Segurança (90%) – mais violento e com falta de segurança
- Economia (85%) – com conflitos econômicos e custo de vida alto
- Política (80%) – com corrupção, falta de ética e políticos não comprometidos
- Meio Ambiente (64%) – com muita destruição ambiental e escassez de recursos naturais
- Social (64%) – individualista e com enorme índice de intolerância
- Mercado de Trabalho (60%) – com desemprego e trabalho escasso, e competitivo
- Saúde (57%) – com sistema de saúde decadente, caro e para poucos
Confira também os tópicos com predomínio de citações positivas e assuntos mais destacados:
- Meios de Comunicação (98%) – com acesso a muito mais informações e de qualquer tipo, avançado em termos de comunicação e digital
- Alimentação (95%) – com boa alimentação, com novas comidas e sem fome
- Tecnologia (76%) – mais tecnológico e novas tecnologias
- Família (73%) – com boa educação familiar
- Educação (53%) – com boa educação e acesso a todo tipo de conhecimento
“As referências que mais se destacaram foram em relação ao crescimento tecnológicos e às novas tecnologias que estarão a serviço de todos. Se por um lado o avanço tecnológico trará progresso em vários setores, por outro os respondentes mostraram-se bastante preocupados com os efeitos colaterais deste avanço, como dependência tecnológica e maior distanciamento entre as pessoas. Outras preocupações com o futuro vão desde a uma maior exigência de conhecimentos específicos no mercado de trabalho até máquinas substituindo os homens e dominando o mercado, o que poderá causar desemprego. Apesar dos avanços da medicina, com novas descobertas e pesquisas, foi mencionado também o surgimento de novas doenças e uma preocupação com o sistema de saúde decadente e caro beneficiando poucos. Também há outras preocupações, principalmente com relação à destruição ambiental, escassez de recursos naturais e sistema de educação precário”, explica Sylvia Fernandez, coordenadora da pesquisa na VAGAS.com
Sobre a VAGAS.com
Com foco no desenvolvimento e licenciamento do software VAGAS e-partner, utilizado por empresas na gestão de seus processos seletivos, a VAGAS.com oferece suas soluções tecnológicas para cerca de 3.000 clientes, 74 deles entre as 100 maiores empresas privadas do País. O ecossistema VAGAS administra em torno de 100 milhões de currículos e o VAGAS.com.br, maior site de carreira do Brasil, recebe uma média de 600 mil visitantes únicos por dia.

Quadrilha do PMDB


Bolsonaro: a cara do fascismo brasileiro


“Onde tem uma frase minha, um gesto meu, um ‘heil Hitler’?”. Com essa frase Jair Bolsonaro procura negar sua aproximação com a política de tipo nazista, mas essa explicação está longe de ser suficiente para responder à questão.
O nome de Bolsonaro começou a crescer e ganhar evidência no cenário nacional junto com as manifestações golpistas. O que começou como uma reação às manifestações de 2013, evoluiu para uma defesa aberta da ditadura militar e finalmente em grandes atos pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff, todos eles recheados de palavras de ordem fascistas.
A organização do golpe pelo imperialismo, tendo uma aparência (débil) de apoio popular e de luta contra um partido de massas como o PT implicava necessariamente em mobilizar a tropa de choque da direita; o fascismo.
A propaganda da imprensa capitalista e a massa coxinha na rua não eram suficientes para derrubar o governo petista. Era preciso uma forte campanha anticomunista e, sobretudo, a intimidação por meio da violência.
Não se trata de uma mera troca de presidentes, mas de uma operação de muito maior alcance que necessita acuar os movimentos sociais, populares, sindical, estudantil, e a esquerda de modo geral.
Uma vez que os cachorros loucos da direita estão soltos, não é fácil colocá-los na coleira novamente. E muitas vezes sequer é desejável, pois são um recurso indispensável para a burguesia derrotar o movimento operário e a esquerda em geral.
Ao mesmo tempo, a mobilização da direita para o golpe polarizou a situação e, enquanto parte da população se desloca para a direita, outra parte muito maior se desloca para a esquerda.
Bolsonaro aparece nas pesquisas com 9% das intenções de voto. Alguns institutos chegaram a apontar 18%. E, embora, haja em torno dele um certo ar de zombaria por parte dos setores democratizantes e liberais, o fato é que ele conquista cada vez mais espaço nessa imprensa “democrática” e “liberal”, como é o caso da Folha de S. Paulo, que publicou entrevista com o deputado recentemente.
O golpe e a polarização são resultado da falência do regime pseudo-democrático no país. As denúncias de corrupção, a desmoralização do Congresso, e das políticas democratizantes. Hitler também se ergueu sobre as ruínas da super democrática República de Weimar. Também se apresentava como um ser honesto, tal qual Bolsonaro (“sou acusado de tudo, só não de corrupto”), e propunha “guerra contra a administração parlamentar corrupta”. Diante de um Congresso ineficiente e desmoralizado, que não consegue dar solução a nenhum problema, cresce a busca por soluções extra-parlamentares, tanto da direita quanto da esquerda.
E a grande contribuição aos Hitlers de plantão vem justamente das camadas liberais e democráticas e da esquerda pequeno-burguesa, apêndice da primeira.
Enquanto Bolsonaro apresenta uma política criminosa e demagógica, mas firme para os problemas do País, esses setores procuram se fixar em questões secundárias e que correspondem ao interesse apenas de uma camada geralmente privilegiada da população. A questão da homofobia, a campanha pacifista contra o desarmamento etc. Uma política que, embora pareça muito natural para eles, só contribui para aumentar a popularidade da extrema direita, principalmente pela maneira como é feita.
Chegamos aqui ao ponto central da matéria: Bolsonaro seria, ao que tudo indica, nosso candidato a Bonaparte ou a Hitler.
O primeiro indício é o próprio ar de troça por parte da camada “ilustrada” da sociedade brasileira, e inclusive da própria esquerda. A disseminação da ideia de que ele é uma figura ridícula (embora de fato o seja), serve apenas para despistar a população, que pode cedo ou tarde ser surpreendida com um governo Bolsonaro. Foi exatamente assim com Hitler. Ridículo e grotesco não são sinônimos de inofensivo.
Outra semelhança notável é a ligação de ambos com o exército. Hitler, depois de servir na Primeira Guerra, tornou-se informante do serviço de Inteligência do exército. Seu objetivo era espionar as organizações de trabalhadores e passou inclusive a ministrar palestras para oficiais. A base do movimento nazista foi desde o início o exército e os órgãos de segurança. Seus principais quadros, os comandantes das tropas de assalto etc, eram figuras saídas do exército, onde tinha grande influência. Nem é preciso explicar a semelhança com Bolsonaro nesse quesito.
A oratória “dura” e sem contemporizações também era típica de Hitler. Hitler prometia combater as potências estrangeiras que subjugaram a Alemanha, bem como os “traidores” social-democratas e comunistas com grande violência. Já seu correlato tupiniquim procura dar uma volta. Promete ser implacável com os criminosos (leia-se a população pobre atirada às cadeias brasileiras): “Você não combate violência com amor, combate com porrada, pô. Se bandido tem pistola, [a gente] tem que ter fuzil”. E é por meio desses que chegam à violência contra os movimentos sociais, insistentemente tratados como organizações criminosas, afinal ambos são compostos pela população pobre. A demonstração de força, primeiro em palavras e depois em atos, é fundamental para encher de segurança os covardes de todo tipo, para dar a pessoas que não passam de uma poeira de humanidade a sensação de poder necessária para combater a poderosa classe social que formam os trabalhadores brasileiros. Nesse sentido, o desprezo ao movimento operário, aos movimentos sociais e à população pobre em geral é também indispensável a esse fim.
E tudo isso a serviço de quem? Evidentemente que da burguesia, como revela o deputado na entrevista: “O empresariado não quer mais curtir férias na Flórida. Quer ficar no Brasil. Como podemos ajudar a resolver a violência? Não vai ser com política de direitos humanos”. Aqui fica claro que a violência que ele quer resolver com violência não é a dos “bandidos”. Os donos das grandes empresas não estão preocupados em serem assaltados no semáforo, e sim com a ameaça que representa a classe trabalhadora. A “violência” que Bolsonaro promete aos patrões que irá resolver, é a luta do movimento operário.
Apesar de procurar aparecer como uma figura independente, está profundamente ligado a setores desse empresariado e do “sistema financeiro”, de “variados setores que mexem com bilhões em São Paulo”, segundo suas palavras. Ele representa, na realidade, um setor da burguesia que cada vez mais tende a adotar uma solução de força contra a ameaça que enxerga na população.
Na entrevista, Bolsonaro defende ainda que se for eleito, colocará militares em metade dos ministérios. Evidentemente um plano para impor uma feroz ditadura contra o povo, utilizando a eleição, um processo aparentemente legítimo e legal como um cheque em branco para seu governo. Como fez o alemão.
Para completar, Bolsonaro não tem um programa claro e coerente. É uma mistura de  demagogia social com política ferozmente patronal e um nacionalismo de fachada. O nazismo era exatamente assim. A unidade do seu programa está em um ponto: esmagar o movimento da classe operária.
A grande diferença está no seu conteúdo social. Hitler era o representando dos grandes monopólios alemães contra os monopólios rivais, da Inglaterra e da França. Seu nacionalismo supersticioso estava a serviço desta causa. Bolsonaro só pode chegar ao poder com o apoio dos grandes capitalistas aliados ao capital internacional e este mesmo capital. Seu nacionalismo é a fachada de uma política antinacional.
Causa Operária

Para atrapalhar outras candidaturas,Temer pode tentar reeleição


Michel Temer mostra que não tem medo do ridículo e avalia se candidatar à reeleição, apesar de ser rejeitado por mais de 95% dos brasileiros.
A hipótese de Temer disputar a reeleição ganhou as rodas políticas de Brasília.
Um cacique do PMDB avalia que Temer não se elege, mas sua candidatura teria o potencial de atrapalhar outras, pois agrega o Centrão.
As informações são da Coluna do Estadão
A ideia de ter um candidato próprio cresce cada vez mais no PMDB e já é anunciada por seu líder, Romero Jucá, como uma possibilidade cada vez mais forte. 
O grupo quer se beneficiar das ligeiras melhoras dos indicadores econômicos.
Brasil 247

Naviraí: Câmara tem o menor gasto com diárias em seis anos


O presidente da Câmara Municipal de Naviraí, Jaimir José da Silva (Jamil - PDT) disse que na atual legislatura “não há uma farra de diárias como muito dizem na cidade”. Antes de expor qualquer argumento, ele se debruçou sobre a contabilidade da Câmara, para responder a qualquer questionamento.
O comparativo foi feito com os dados disponíveis dos último seis anos, em que houve o apontamento de R$ 201.296,91 contra R$ 218.911,16 do ano passado, ou R$ 703.816,86 do ano de 2013.  Em 2012 foram gastos R$ 401.220,61; em 2014 – R$ 673.387,20; e em 2015 foram contabilizados R$ 294.456,00 para pagar as despesas de viagens de vereadores.
De acordo com Jamil, “todas as diárias concedidas na atual gestão aconteceram com pareceres jurídicos e nenhuma delas aconteceu sem que houvesse interesse da Câmara, sempre para haver a participação de vereadores em cursos e de funcionários em cursos ou atividades necessárias para o desenvolvimento das atividades da Câmara", declarou.
De acordo com o presidente, a Mesa Diretora não concede a autorização para diárias que não sejam de interesse da Câmara e que não se permite a participação em cursos que sejam de temáticas repetidas ou similares a outros cursos já disponibilizados.  
Edilson Oliveira, do Sul News

PMA de Batayporã apreende caminhão com uma tonelada de agrotóxicos


 Durante fiscalização na rodovia MS 276, no município, Policiais Militares Ambientais de Batayporã apreenderam ontem (22) no final da tarde, um caminhão baú, Mercedes Benz, com carga de agrotóxico ilegal. O veículo seguia de Dourados para a cidade de Piracicaba (SP) e transportava 1.180 kg de agrotóxicos sem a licença ambiental. Também não havia no veículo as identificações com relação a todos os símbolos para transporte de produtos perigosos e sinalizações, conforme as normas técnicas e a legislação ambiental.
O produto perigoso e o veículo foram apreendidos e encaminhados à Delegacia de Polícia Civil de Batayporã. Os responsáveis pela empresa responderão por crime ambiental e poderão pegar pena de um a quatro anos meses de reclusão.

Projeto que criminaliza “vingança pornográfica” é aprovado no Senado


O registro ou divulgação, não autorizada, de cenas da intimidade sexual de uma pessoa, a chamada “vingança pornográfica”, será crime punível com reclusão de dois a quatro anos, mais multa. É o que determina o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 18/2017, aprovado nesta quarta-feira (22) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e que segue em regime de urgência para o Plenário.
A proposta altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940). Originalmente ela estabelecia pena de reclusão de três meses a um ano, mais multa, pela exposição da intimidade sexual de alguém por vídeo ou qualquer outro meio. O texto alternativo [substitutivo] apresentado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ampliou essa pena de reclusão para dois a quatro anos, mais multa.
Rose Leonel, cidadã paranaense vítima de vingança pornográfica e que inspirou a apresentação da proposta pelo deputado João Arruda (PMDB-PR), acompanhou a votação na CCJ.
— Quero registrar ainda que já tivemos inúmeros suicídios, principalmente de adolescentes, vítimas de exposição de fotos nas redes sociais — declarou Gleisi Hoffmann.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou que a violência tem trazido muitas notícias ruins pelo Brasil afora e que é preciso fortalecer a mulher, dar-lhe poder. Ela citou a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” e comemorou a aprovação do texto.
— Nada mais justo do que aprovar agora um projeto de tamanha importância e impacto perante a sociedade — afirmou.

Reformulação

Em seu substitutivo, Gleisi reformulou o novo dispositivo sugerido pelo PLC 18/2017 ao Código Penal. Assim, o tipo penal proposto passou a ser a “divulgação não autorizada da intimidade sexual”, com pena ampliada e novas circunstâncias para seu aumento de um terço à metade. Também seria enquadrado aí quem permitir ou facilitar, por qualquer meio, o acesso de pessoa não autorizada a acessar esse tipo de conteúdo.
Mais quatro possibilidades para aumento de pena foram acrescidas pela relatora na CCJ: prática do crime contra pessoa incapaz de oferecer resistência ou sem discernimento apropriado; com violência contra a mulher; por funcionário público no exercício de suas funções ou por quem teve acesso a conteúdo do material no exercício profissional e que deveria mantê-lo em segredo. A princípio, o projeto só previa essa ampliação caso o crime fosse praticado por motivo torpe ou contra pessoa com deficiência.
Sugestão do senador Roberto Rocha (PSDB-MA) também inspirou a inserção de outra novidade no Código Penal pela relatora: o tipo penal “registro não autorizado da intimidade sexual”. O crime em questão caracteriza-se por “produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado, sem autorização de participante”. A pena sugerida é de seis meses a um ano de detenção, mais multa. Punição idêntica será aplicada a quem realizar montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro tipo de registro, para incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
Gleisi também sugeriu alteração no Código Penal para que, nos crimes relativos à exposição da intimidade sexual, a ação penal seja pública e condicionada à representação. A relatora promoveu ajustes na redação de um dos dispositivos da Lei Maria da Penha para estipular a violação da intimidade como uma das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher.
A legislação brasileira ressente-se de instrumentos adequados e eficientes para prevenir e punir atos de ‘vingança pornográfica’, que consistem na divulgação de cenas privadas de nudez, violência ou sexo nos meios de comunicação, em especial nas mídias sociais, para causar constrangimento, humilhar, chantagear ou provocar o isolamento social da vítima. A principal vítima da ‘vingança pornográfica’ é a mulher, enquanto que os responsáveis por esse tipo de conduta, na maioria das vezes, são os ex-cônjuges, ex-parceiros e até ex-namorados das vítimas. Assim, não há dúvidas de que se trata de mais uma forma de violência praticada contra a mulher”, reconheceu Gleisi no parecer.
Agência Senado

Avança diálogo entre o Vaticano e marxistas na Europa


O Papa e Tsípras, primeiro-ministro grego e um dos líderes da rede marxista Transform!
O diálogo entre o Vaticano e a rede Transform! de marxistas europeus prepara-se para seu momento mais ousado e ambicioso; depois de três rodadas em “terreno católico” prepara-se o primeiro encontro em “solo marxista”: em 2018 será instalada a Universidade de Verão do Diálogona ilha grega de Syros, com o apoio da Universidade do Mar Egeu e do Ministério da Educação do governo socialista da Grécia.
Entrevistei o intelectual marxista Michael Löwy e o teólogo  frei Betto sobre o assunto. Löwy é um dos protagonistas das rodas de conversa na Europa; frei Betto é um dos grandes impulsionadores do diálogo e ação comum entre cristãos e marxistas na América Latina. É valioso esse “olhar cruzado” e convergente de um marxista e um teólogo para a busca de um diálogo que ambos, amigos pessoais, realizam há anos –com algumas produções intelectuais em conjunto, especialmente sobre o ecossocialismo. Leia a íntegra das entrevistas de ambos ao final.
É algo sem precedentes na história. Nunca houve um diálogo institucional entre a Igreja Católica e organizações marxistas para buscar saídas comuns aos desafios da humanidade. Nos anos seguintes ao Vaticano II houve aproximações informações, estudos, colóquios, alguns encontros institucionais na América Latina, mas em âmbito local. Nunca houve uma agenda institucionalizada entre a CNBB ou o Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano) e organizações marxistas. O Papa Francisco, mais uma vez, quebra os paradigmas.
Brasileiro radicado na França, ele é um dos protagonistas dos encontros. Löwy um intelectual ponte do o marxismo na direção do cristianismo. “Marxista heterodoxo”, como se define, acompanha e tem uma produção relevante sobre a Teologia da Libertação na América Latina –seu livro mais recente é O que é cristianismo da libertação, lançado em 2016 pela Fundação Perseu Abramo e Editora Expressão Popular.
Frei Betto faz o mesmo movimento de Löwy, no sentido oposto: é um intelectual e um ativista ponte do cristianismo na direção do marxismo. Com mais de 60 livros publicados no Brasil e em todo o mundo, frei Betto tornou-se uma referência mundial ao lançar, em plena ditadura, em 1985, seu livro de entrevistas Fidel e a religião -conversas com Frei Betto. Como ele afirma na entrevista, ao relatar sua trajetória dialógica, “foram 33 anos de intenso trabalho para aproximar cristãos e marxistas, Igrejas cristãs e governos comunistas,  quebrando barreiras e buscando pontos de unidade.”
Seu olhar para a iniciativa do Vaticano não podia ser outro: “recebo como muita alegria essa iniciativa do papa Francisco”, ainda mais considerando a história: ”Há que recordar que Pio XII excomungava católicos que se aproximassem do partido comunista. E que o marxismo sempre foi abominado pelo papado e a cúpula da Igreja Católica”. Mas, para frei Betto, “o diálogo em si é positivo, mas insuficiente. O encontro histórico entre cristianismo e marxismo não se deu em torno de mesas de debates ou na academia. Deu-se na prática libertadora dos movimentos sociais e sindicais e, em especial, na luta dos europeus contra o nazifascismo. Portanto, há um denominador comum que une cristianismo e marxismo: os direitos dos pobres e seus anseios de libertação. É na práxis libertadora dos pobres que se encontra o campo privilegiado de união entre cristãos e marxistas.”
É este o caminho que Löwy antevê, especialmente na América Latina; para ele, um dos desdobramentos da nova etapa de relacionamento entre a Igreja e os marxistas será “a reabertura de um espaço para a Teologia da Libertação”. Mais ainda: a região é palco de algo mais avançado que a relação “entre católicos/cristãos e comunistas como dois blocos separados” foi  “o surgimento massivo de marxistas católicos,  ou católicos marxistas,  que tiveram um papel essencial em todos os movimentos sociais e combates emancipadores do continente nas últimas décadas”. Mesmo à sombra dos governos conservadores e submetidos à implacável perseguição da Cúria romana, há, segundo Löwy “milhares de marxistas cristãos/católicos pelo mundo afora, em particular na América Latina”.
Frei Betto vê de fato muita identidade entre o cristianismo e o marxismo, e este tem sido um tema de sua reflexão ao longo dos anos: “Resumidamente, cristianismo e marxismo são legados da tradição hebraica. Se fizermos um paralelo entre as suas respectivas referências, o que haveremos de encontrar? O que a Bíblia chama de paraíso ou Jardim do Éden, o marxismo qualifica de sociedade comunista primitiva; o que a Bíblia chama de pecado original, o marxismo qualifica de alienação; a Bíblia diz que o resgate do paraíso primitivo, ou seja, do mundo no qual coincidam essência e existência humanas, se dará no terreno da história, e o marxismo idem; o protagonista desse processo libertador será, para a Bíblia, o pobre, para o marxismo, o proletariado ou os oprimidos; o objetivo, para o marxismo, é alcançar a sociedade comunista, sem classes e Estado, para a tradição cristã, o Reino de Deus, no qual o amor será o denominador comum das relações pessoais e a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano, das relações sociais”.
História interrompida e retomada – O diálogo entre a Igreja e os marxistas ressurge depois de 35 de repressão brutal  todas as iniciativas, durante os papados conservadores de João Paulo II e Bento XVI. Católicos e marxistas voltam a se encontrar na agenda proposta pelo Papa Francisco num movimento de continuidade histórica com o que aconteceu desde os anos 1930 até a década de 1970, nas lutas contra o nazifascimo na Europa e a opressão capitalista na América Latina. Foi um movimento que influenciou a convocação do Vaticano II e, depois, foi impulsionado por seu sopro.
Rompendo a enorme crosta de gelo que congelava a Igreja, na virada dos anos 1930/40 teve início na França uma aproximação entre cristianismo e marxismo, logo depois da derrota do nazifascismo, com aquela que seria conhecida pouco depois como Théologie Nouvelle(Teologia Nova) impulsionada pelos dominicanos Yves Congar e Marie-Dominique Chenu e os jesuítas Henri de Lubac e Jean Daniélou, ao lado da iniciativa dos padres operários. Eles eram mais de 100 em 1954, quando a experiência foi posta na clandestinidade eclesial por um decreto do Papa Pio XII (Giovanni Pacelli), sendo novamente acolhida pelo Papa Paulo VI, em 1965.
A França foi de fato decisiva para essa aproximação: “(…) a teologia francesa do pós-guerra (Congar, Duquoc, Chenu, Calvez, de Lubac) representava a ponta avançada da renovação do catolicismo, levantando os temas que seriam depois consagrados pelo Concílio Vaticano II”[1]. Foram anos de diálogo intenso não apenas com o marxismo, mas igualmente com a psicanálise, e de grandes avanços no ecumenismo, todos bloqueados a partir de 1979 com a eleição de Wojtyla.
No Brasil, o impulso inicial foi dado pela JUC (Juventude Universitária Católica), especialmente a partir do congresso de 1960[2]. Outro vetor relevante de aproximação, no Brasil e na América Latina, foi o grupo de teólogos formados na França e Bélgica, imersos no ambiente da efervescência pré e pós Vaticano II, entre eles Gustavo Gutierrez, José Comblin, Enrique Dussel e Juan Luis Segundo[3].
Os encontros mundiais convocados pelo Papa – O renovado processo de diálogo entre a Igreja, a esquerda em geral, os movimentos populares, a reabertura dos espaços à teologia latino-americana, à teologia liberal do hemisfério norte, à teologia asiática, ao ecumenismo e à psicanálise desenvolveu-se ao longo do papado de Francisco. Eleito em fevereiro de 2013, a partir de meados daquele ano, o Papa começou a reorientar todo o processo relacional e dialógico da Igreja institucional.
O ponto culminante deste reencontro foram os três Encontro Mundial dos Movimentos Populares (em Roma, 2014 e 2016 e Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, em 2015), convocados pelo Papa. No terceiro encontro, em Roma (2016), Francisco contrapôs dois projetos para o mundo: “Um projeto-ponte dos povos diante do projeto-muro do dinheiro” (aqui). Um ano antes, na Bolívia, o Papa fez uma veemente acusação contra o capitalismo: “E por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição, sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia chamava ‘o esterco do diabo’: reina a ambição desenfreada de dinheiro. O serviço ao bem comum fica em segundo plano. Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum” (aqui).
Integram o comitê de organização dos encontros mundiais de movimentos populares o cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz; João Pedro Stédile, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Vía Campesina; Juan Grabois, pelo Movimento de Trabalhadores Excluídos (MTE) e Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP) da Argentina; Jockin Arputham, National Slum Dwellers Federation of India; Xaro Castelló, Hermandad Obrera de Acción Católico (HOAC) da Espanha e Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC). Um protagonista de relevo nos encontros tem sido o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Francisco, Tsípras e Baier – O diálogo formal com a rede de marxistas europeus teve início numa reunião em 18 de setembro de 2014 entre o Papa Francisco, Aléxis Tsípras e Walter Baier. Quem são eles?
Tsípras foi ao encontro na condição de vice-presidente do Partido da Esquerda Europeia e presidente do partido de esquerda Synaspismós (SYN) e o líder da Coligação da Esquerda Radical (Syriza), de oposição ao governo grego -pouco depois, em janeiro de 2015, o partido venceria as eleições e ele se tornaria primeiro-ministro.  Seu primeiro gesto como primeiro-ministro foi uma visita a um monumento de homenagem a gregos comunistas executados pela ocupação nazista em 1944.
Baier  é o coordenador da rede europeia de organizações marxistas Transform!, com participantes de 18 países e 25 publicações de diversos moldes. Entre 1994 e 2006 foi presidente do Partido Comunista da Áustria, quando deixou o cargo para assumir a coordenação da rede Transform! , permanecendo como membro do Conselho de seu partido. Ele é o representante da rede no Fórum Social Mundial (FSM) e muito ligado ao movimento católico Focolares, fundado por Chiara Lubich em 1943.
A audiência privada entre o Papa e os dois prolongou-se por 35 minutos e, ao final, decidiu-se abrir um processo formal de diálogo entre a Igreja e os marxistas. Logo depois do encontro, Tsípras afirmou ao The Guardian  que Francisco é o “pontífice dos pobres” e que o mais importante fruto da reunião havia sido a constatação de que “há necessidade de criação de uma aliança ecumênica contra a pobreza, a desigualdade, contra a lógica do mercado e do lucro acima das pessoas” .
Logo depois, em janeiro de 2015 quando o Syriza venceu as eleições na Grécia, L’Osservatore Romano,  jornal oficial, do Vaticano comentou: “Com a vitória do Syriza nas eleições gregas, certamente abre-se uma nova fase na Europa, uma fase que passa pela expansão de um espaço social, em reação às políticas de austeridade. Quanto mais os cidadãos europeus pedem para ser envolvidos para além das lógicas dos mercados, mais o trabalho da política deve ser o de acolher as reivindicações que partem da sociedade”.
A primeira reunião oficial – O primeiro “encontro de trabalho” entre o Vaticano e os marxistas europeus aconteceu entre 31 de março e 1 de abril de 2016, no Instituto Universitário Sophia, (fundado por Chiara Lubich), perto de Florença.
O próprio Löwy preparou um relatório resumido da reunião (aqui).
Uma nota conjunta ao final dos dois dias de trabalho afirmou: “Em vista das dificuldades e perigos atuais no mundo, todas as pessoas de boa vontade devem se unir com independência de suas filosofias, suas religiões e seus enfoques teóricos e práticos, para encontrar formas de saída à crise. Para citar Francisco, são necessários tanto a transversalidade como um diálogo através das linhas divisórias tradicionais (…)”.
Na nota afirmou-se ainda a concordância dos participantes quanto à “convicção de que a Terra foi dada a todas as pessoas, isto é, à humanidade como um todo, incluindo as gerações futuras. Assim, a cooperação quer contribuir a todas e todos os habitantes de nosso planeta para que os seres humanos possam viver uma vida digna, em paz, liberdade e justiça”. A declaração destacou também que “as diferenças de ponto de partida são consideradas como um enriquecimento e possa contribuir a clarificar, aprofundar e propor os pontos de vista próprios”.
O pensamento de Francisco, especialmente a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013), sobre o anúncio do Evangelho e as relações da Igreja com a sociedade, e a Encíclica Laudato Si foi considerado, segundo o resumo de Löwy, “elemento importante nas discussões e serviu como referência tanto para os católicos como para
A delegação da rede Transform! contava com Walter Baier (Viena), Peter Fleissner (Viena), Cornelia Hildebrandt (Berlim), Michael Löwy (Paris), Giulia Rodano (Roma); a Santa Sé esteve representada pelo arcebispo Ângelo Vincenzo Zani , secretário da Congregação para Educação Católica e pelo economista Stefano Zamagni  (nomeado em 2013 pelo Papa Francisco como membro da Academia Pontifícia de Ciências). Outros participantes eram vinculados ao Movimento dos Focolares: Bernhard Callebaut e Paolo Frizzi (Universidade Sophia), Catherine Belzung (França), Lorna Oro (Irlanda), Alejandra Herrero (Argentina), Herwig Van Staa (Innsbruck), Franz Kronreif (Áustria), e Herbert Lauenroth (Alemanha).
O arcebispo Vicenzo Zani observou ao final do encontro estar convencido de que a ecologia e o meio ambiente devem ser parte da educação católica em todo o mundo e que são necessárias medidas concretas sobre o tema da mudança climática e a solidariedade com os imigrantes que buscam encontrar refúgio na Europa.
Francisco segue adiante – O Papa tem participado indiretamente dos encontros. Não há alarde no Vaticano sobre as reuniões, pois Francisco não deseja provocar ainda mais a polêmica e as manifestações sectárias dos conservadores. Portanto, a ordem no Vaticano sobre a agenda com os marxistas é discrição. Isso não quer dizer lentidão ou desistência. Uma característica do papado de Francisco tem sido a de manter distância dos conflitos internos da Igreja, ignorando os ataques e insultos, tratando todos bem, mas sem qualquer recuo em seu projeto para o cristianismo no século 21.
Depois do primeiro encontro em 2016, houve mais dois, um novamente na Universidade Sophia e outro, em outubro último, no Castel  Gandolfo, próximo a Roma. O local foi a “residência de verão” dos papas desde o século VII. Em 2016, Francisco renunciou ao privilégio e ordenou a incorporação do apartamento que lhe era destinado ao museu que funciona no local.
Os olhos agora estão voltados para a primeira reunião na Grécia,  em 2018.
Fonte: Outraspalavras.net