sábado, 30 de setembro de 2017

MS: Carro carregado com 411 kg de maconha é encontrado em barranco


Carro sem roda traseira, com vários danos na suspensão, foi encontrado caído em um barranco próximo a uma fazenda. Uma denúncia anônima levou à polícia, que localizou 411 quilos de maconha. O caso aconteceu por volta de 23h de ontem (29) em Laguna Carapã.
Consta no site Campo Grande News, que a Polícia Militar recebeu uma denúncia anônima, sobre um veículo abandonado em um barranco.
No local, os policiais encontraram um GM Astra, sem a roda traseira, com vários danos na suspensão e para-choque. Dentro do automóvel, havia vários tabletes de maconha, que após pesados, totalizaram 411 quilos.
O carro não foi retirado, porque não tinha condições de deslocamento e não há guincho para fazer o serviço. Os policiais procuraram por suspeitos de conduzirem o carro, mas ninguém foi preso. Dentro do veículo tinha também um rádio transmissor.

A elite brasileira é mais obscena que a desigualdade


Leonardo Sakamoto*
O problema não é alguém ter um apartamento de 400 metros quadrados enquanto outro mora em um de 40. O que desconcerta é uma sociedade que acha normal um ter condições para desfrutar de um apê de 4 mil metros quadrados enquanto o outro apanha da polícia para manter seu barraco em uma ocupação de terreno, seja em São Bernardo do Campo,Itaquera,Grajaú,Osasco,pinheirinho.eldorados dos carajás , onde for.
A Oxfam Brasil divulgou, na segunda (25), o relatório " A distância que nos une: Um Retrato dasDesigualdades Brasileiras". Por aqui, os seis maiores bilionários possuem a mesma riqueza e patrimõmio do conjunto dos 100 milhões mais pobres . E os 5% mais ricos detém a mesma renda que os demais 95%. E quem recebe um salário mínimo por mês levaria 19 anos para receber a média mensal de ganho do 0,1% mais rico.
Há o dobro de homens que recebem mais de 10 salários mínimos em comparação a mulheres. E há quatro vezes mais brancos que negros ganhando mais de 10 salários mínimos. Seguindo o ritmo de inclusão atual, as mulheres equipararão seus rendimentos aos homens em 2047. E os negros aos brancos em 2089.
No Brasil, os muitos ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que classe média e os mais pobres, seja porque os dividendos que recebem como sócios de empresas não são tributados, seja por não haver progressividade nas alíquotas do imposto de renda e/ou por haver mais impostos sobre o consumo do que sobre a riqueza e o patrimônio.
As recomendações do relatório para reduzir esse quadro sinistro passam por uma Reforma Tributária com justiça social – o que teria sido mais importante para a qualidade de vida no país do que a Reforma Trabalhista, a Lei da Terceirização Ampla ou a PEC do Teto dos Gastos. Mas como morde o andar de cima, é algo tratado como doença morfética.
Bastou, no mês passado, a área econômica do governo federal assumir que estava estudando a hipótese de aumentar o Imposto de Renda sobre profissionais que ganham mais de R$ 20 mil por mês, criando uma nova alíquota de 35%, para que ocorresse uma enxurrada de críticas contra essa “abominação”.
O desespero maior, contudo, foi sobre outros estudos em curso, a respeito do retorno da taxação de dividendos recebidos de empresas por pessoas físicas. A área econômica analisava algo em torno de 12 a 15%. O Brasil é um dos únicos países desenvolvidos ou em desenvolvimento em que isso não acontece, fazendo com que as camadas mais altas que vivem de lucros paguem, proporcionalmente, menos impostos que os mais pobres. Quem reclama de bitributação não vê que o montante taxado hoje é pequeno em comparação ao resto do mundo.
A medida teria que vir casada com novas alíquotas do IR para evitar uma corrida à pejotização dos profissionais de mais alta renda. Tudo isso é um bom ponto de partida para um debate público. A faixa de R$ 20 mil é muito baixa para uma alíquota de 35%? Vejamos os números para discutir algo mais factível, como R$ 30 mil ou R$ 40 mil. O tema, porém, foi interditado sumariamente. Ou seja, os mais ricos e seus representantes políticos enviaram um lembrete ao governo: a conta da crise econômica , conforme o combinado quando colocamos vocês aí, é para sair apenas do bolso dos mais pobres e não mexer em nossos privilégios.
Enquanto isso, os parlamentares aprovaram, sem pudores, a PEC do Teto dos Gastos, que limita pelas próximas duas décadas investimentos em gastos, como educação, saúde, reduzindo a qualidade de vida da turma pobre que depende de serviços públicos – mudança constitucional duramente criticada no relatório da Oxfam Brasil.
Também aprovaram uma Lei da Terceirização Ampla, que deve precarizar o mercado de trabalho, e uma Reforma Trabalhista que retira proteção à saúde e à segurança dos mais vulneráveis. E estão passando um rosário de leis que ferem a dignidade de populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas, entre outros grupos. Sem contar que o governo federal tenta ainda aprovar o aumento de 15 para 25 anos de contribuição mínima para se alcançar a aposentadoria, o que atinge diretamente os mais pobres.
Do outro lado, parlamentares atuam para manter subsídios bilionários a setores empresariais e preparam perdões multibilionários em juros e multas que deveriam ser pagos por devedores de impostos.
Brasil continua sendo um grande Robin Hood às avessas: o sistema tira dos pobres para garantir aos ricos. Enquanto um sócio de empresa recebe boa parte de sua renda de forma isenta, um metalúrgico e uma engenheira contratados via CLT são obrigados a bancar alíquotas de até 27,5% por salários que mal pagam um plano de saúde privado ou a escola particular dos filhos. E um camelô ou uma trabalhadora empregada doméstica sem carteira deixam boa parte de sua pouca renda em impostos ao adquirir alimentos e roupas e usar transporte público.
Combater a desigualdade  não resolve de vez os problemas, mas é uma ação fundamental para indicar o tipo de sociedade que gostaríamos de construir: um país que acredita na redução das distâncias entre ricos e pobres como pré-condição para o desenvolvimento coletivo ou um que tem um orgasmo toda vez que um bilionário brasileiro sobe um degrau no ranking de bilionários globais.
Como já disse aqui antes, entendo que este grande barco chamado Brasil seja um transatlântico de passageiros, com divisões de diferentes classes, com os mais ricos tendo mais conforto em suas cabines. Não estou propondo uma revolução imediata para que cabines diferenciadas deixem de existir – apesar de ser uma maravilhosa utopia. O ideal, pra já, seria que as cabines de terceira classe contassem com a garantia de um mínimo de dignidade e as de primeira classe pagassem passagem proporcional à sua renda. E que, ao contrário do Titanic, tenhamos botes salva-vidas para todos e não apenas aos mais ricos.
Na prática, contudo, seguimos sendo um navio que carrega escravos, com parte dos passageiros chicoteando a outra parte. Afinal, o Brasil ao invés de buscar medidas que amorteçam o sofrimento dos mais pobres, que são os que mais sentem uma crise econômica, tenta preservar os mais ricos e as associações empresariais que trocam governos e elegem representantes.
*Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política pela USP

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Temer: Apenas 8% consideram seu governo melhor que o de Dilma


A pesquisa CNI/Ibope, que apontou Michel Temer como o mais impopular ocupante da presidência da República na história do Brasil, com apenas 3% de aprovação, trouxe outro dado que atesta o fracasso do golpe de 2016.
Segundo o levantamento, apenas 8% dos brasileiros consideram seu governo, que é ilegítimo, melhor do que a administração legítima da presidente deposta Dilma Rousseff. Para 31%, a situação é a mesma e, para 59%, é pior.
Ou seja: se a voz do povo tivesse algum valor no Brasil, o Supremo Tribunal Federal estaria, neste momento, tratando de anular o golpe dos corruptos – uma das páginas mais vergonhosas da história do Brasil.

Abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a pesquisa:

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
A popularidade do presidente Michel Temer continua em queda, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este é o quarto trimestre consecutivo de piora na avaliação do governo Temer. A pesquisa CNI-Ibope, divulgada hoje (28) mostrou que apenas 3% da população consideram o governo Temer ótimo ou bom. Já 77% consideram ruim ou péssimo; 16% avaliam com regular e 3% não sabem ou não responderam. 
Na pesquisa anterior, a popularidade de Temer já havia caído a seu nível mais baixo entre os ex-presidentes. Em julho deste ano, 5% dos entrevistados avaliaram o governo como ótimo ou bom, 21% como regular, 70% como ruim ou péssimo e 3% não souberam ou não responderam.
A popularidade do presidente Michel Temer caiu a seu nível mais baixo. Segundo a CNI, a avaliação do governo como ótimo ou bom é a pior desde o final do governo de José Sarney, em julho de 1989, que foi 7%. 
Segundo a pesquisa da CNI, o aumento da impopularidade também foi registrado pelo número de pessoas que dizem não aprovar a maneira do presidente governar ou que não confiam no presidente. O percentual dos entrevistados que confiam em Temer caiu de 10%, em julho, para 6%, em setembro. Já 92% não confiam no presidente; na última avaliação, esse percentual era de 87%.
O índice que desaprova a maneira do presidente Temer governar também subiu de 83% para 89%. Entre os que aprovam a maneira de governar, eram 11% em março, agora são apenas 7%. 
Entre as notícias mais lembradas pela população estão as que tratam da corrupção no governo, da Operação Lava Jato e a liberação para exploração mineral na Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) exploração de minério. Para 68% dos entrevistados, o noticiário recente é desfavorável ao governo; enquanto 9% avaliam que as notícias recentes têm sido favoráveis; e para 12% elas não são favoráveis, nem desfavoráveis.
Para o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, a popularidade muito baixa nesse momento tem dois componentes. “Nessa mudança [da avaliação] de julho para setembro, o debate todo em torna da Amazônia afetou essa avaliação. E, por mais que se tenha indicadores mostrando a evolução gradual da economia, a população não está percebendo isso ainda, não vê melhoras”, disse, explicando que a questão econômica é sempre muito atrelada à avaliação do governo.
A aprovação do atual governo caiu mais entre os entrevistados com renda familiar mais alta. Das pessoas com renda familiar acima de cinco salários mínimos - faixa mais alta de classificação da pesquisa - o percentual dos que o consideram ruim ou péssimo subiu de 75% para 86%. Ainda assim, na comparação com os diferentes estratos de renda familiar, esse é o grupo onde a popularidade do governo é mais elevada (12%).
Avaliação por área 
Duas áreas registram significativa variação no percentual de desaprovação no período, acima da margem de erro. A área de meio ambiente, que em julho era desaprovada por 70% da população, passou a ter umar reprovação de 79% e a aprovação teve queda de 21% para 15%. Já a desaprovação da área de educação subiu de 75% para 81% e a aprovação caiu de 22% para 17%.
Ainda assim, na comparação com julho, não há mudanças no ranking das áreas avaliadas. A pior avaliação do atual governo refere-se aos impostos e à taxa de juros. Os índices de desaprovação nestas áreas são, respectivamente, de 90% e 87%. Em seguida, aparecem a saúde (86%), o combate ao desemprego (85%) e a segurança pública (85%). 
Perspectivas
As perspectivas para o tempo restante do governo também não são positivas, segundo a CNI. Para 72% dos entrevistados, o restante do governo será ruim ou péssimo, para 17% será regular e para 6% será ótimo ou bom. 
Para 59% dos entrevistados, o governo Temer está sendo pior que o governo da presidente Dilma Rousseff. Em março, esse índice era de 52%. Já 8% acham que o governo Temer está sendo melhor e 31% consideram igual ao governo Dilma.
O levantamento foi realizado com 2 mil pessoas, em 126 municípios, entre os dias 15 e 20 de setembro e revela a avaliação dos brasileiros sobre o desempenho do governo federal. A pesquisa completa está disponível na página da CNI. A margem de erro da pesquisa é 2% e o nível de confiança utilizado é 95%.

Menino de 11 anos filho de vice-prefeita dirige carro e debocha da Polícia Militar


Um menino de apenas 11 anos, filho da vice-prefeita da cidade de Mamanguape, no litoral da Paraíba, gravou um vídeo enquanto dirigia tranquilamente um automóvel pelas ruas do município.
Nas imagens (ver abaixo), é possível ver outra criança, sem cinto de segurança, no banco de passageiros. Os meninos cantam uma música e ultrapassam um carro da PM que está na mesma via. Eles debocham dos policiais.
Por nota, a vice-prefeita Baby Helenita Veloso (PRTB) pediu desculpas à sociedade e à Polícia Militar e informou que não concorda com a atitude do filho. “Não são os meus ensinamentos enquanto mãe, não foi isso que ensinei a meus filhos e tomarei as devidas providências em relação ao que ele fez“, diz a a prefeita na nota.
Em entrevista à mídia local, a vice-prefeita disse que o menino pegou o carro escondido. Segundo ela, o filho aprendeu a dirigir sozinho, mas admitiu que o menino já dirigiu outras vezes em um sítio da família.
Como nós temos uma granja, ele sempre pega carro e aprendeu por si só a dirigir. Mas foi a primeira vez que vi meu filho em rua”, comentou.
Ainda de acordo com a mídia local, moradores de Mamanguape que não quiseram ter suas identidades reveladas afirmaram que é comum assistir a essa cena na cidade.
Foi muito sério e merece uma atenção especial por parte dos pais. Requer maior orientação, estar mais junto da criança. Justamente pra evitar que isso chegue a outro nível. Esse tipo de brincadeira que ele tirou com a guarnição que estava na frente, que nem visualizaram ele, pode, se não se tomar uma providência logo, chegar a outro nível”, disse o comandante da PM, Alberto Filho, em entrevista ao Jornal da Paraíba.
VÍDEO:

Ministério Público

A promotora Carmem Perazzo, da vara da Infância e Juventude de Mamanguape, informou que foi aberta uma notícia de fato e marcada uma audiência com os pais da criança para a segunda-feira (2/10). O caso será acompanhado pela promotora Juliana Lima Salmito.
Também foi assinado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), conforme o artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que considera como crime de trânsito “permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança“.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Cerca de 47 mil pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito no Brasil

G1

Marido agride esposa e filha de 9 anos e mulher defende homem na delegacia


Mesmo após ser agredida pelo marido de 34 anos, na madrugada desta segunda-feira (18), uma mulher de 33 anos, acabou defendendo o companheiro na delegacia de polícia da cidade de Caarapó .
A polícia foi acionada por volta da meia noite desta segunda-feira (18), por violência doméstica. A vítima disse aos militares que o marido a agrediu com vários tapas na cabeça e que ainda teria agredido a filha do casal, de 9 anos.
O casal foi levado para a delegacia de polícia para prestar esclarecimentos, mas a mulher não quis representar contra o companheiro e não solicitou medidas protetivas alegando não serem necessárias. O caso foi registrado como lesão corporal dolosa e violência doméstica.
Midia Max

Terreiros depredados e candomblecistas agredidos em Nova Iguaçu. O que há por traz disso?


No dia vinte e nove de agosto, estive na residência da D.Maria da Conceição, a idosa agredida com uma pedra, vítima de intolerância religiosa em Nova Iguaçu, Bairro Cerâmica. A conversa com ela me deixou estarrecida. Ela relatou as reiteradas vezes em que vinha sendo xingada de feiticeira, bruxa dos infernos, macumbeira safada, entre outros. Até o dia em que reagiu verbalmente e o resultado foi ser apedrejada. Ela e o seu núcleo familiar estão referenciados ao CREAS de abrangência de seu bairro, para acompanhamento. Ela está recuperando-se rápido dos ferimentos do corpo, mais ainda há muito trabalho pela frente, para que ela se recupere dos ferimentos da alma!
Neste feriado, sete de setembro, estive em um dos 7 terreiros de candomblé do Parque Flora, mais conhecido como “Buraco do Boi”, em Miguel Couto Nova Iguaçu. Que foi depredado na madrugada. Encontramos ali aproximadamente quarenta pessoas. Elas estavam todas organizando o que restou da depredação e retirando do terreiro. Enquanto outros limpavam e descartavam tudo o que foi quebrado. Haviam aproximadamente cinco carros que se revezavam na entrada da casa. Os carros eram abastecidos com os utensílios que não foram quebrados e em seguida partiam para um terreiro de outro pai de santo amigo que se prontificou a guardar os utensílios sagrados em seu barracão. Era um movimento de muita solidariedade e união. Disse a família de Axé que nos recebeu, que estávamos ali a pedido do Secretário de Assistência Social para um acolhimento das vítimas e uma articulação para posteriormente sentarmos com governo municipal, em um encontro a ser articulado pelo secretário. Fomos bem recebidos, mais com ponderações! Havia um nível de cobrança com a posição e as providências do prefeito em relação ao ocorrido.
Encontramos dentro do terreiro um cenário completamente caótico e devastador. Haviam oito pais e mães de santo de outros terreiros dando apoio ao Pai de Santo da Casa. Este, depois de muito tempo, conseguiu falar rapidamente conosco, dada sua revolta e tristeza diante do ocorrido. Ele se recusou a dar entrevista, não permitiu que fotografássemos nada e pediu para que o seu nome não fosse mencionado. Ficou claro, o risco de uma retaliação por parte dos criminosos. Tivemos a oportunidade de ouvir outros pais, maes, filhos e filhas de santo para melhor compreensão do ocorrido. As narrativas relatam que estes ataques aos terreiros partem de uma facção criminosa que se auto intitulam “traficantes de Cristo”. Esta facção estaria agindo em Nova Iguaçu, mais especificamente nos bairros de bendez, cotó e buraco do boi, todos em Miguel Couto, com o principal objetivo de impedir que as religiões de matrizes africanas realizem seus preceitos. Nos chamou atenção o relato de como as vítimas são abordadas, agredidas, intimidadas e ridicularizadas no momento em que são invadidas em seus terreiros. Os bandidos chegaram a fazer com que uma mãe de santo engolisse o seu fio de conta e a outra que estava com dois Yaos recolhidos, infartou na hora e está internada. Estavam todos muito chorosos e abalados, indignados e temerosos por seus terreiros. O cenário é preocupante.
Não tenho como descrever o meu sentimento ao ver os utensílios quebrados, de Exu a Oxalá, sem exceção. Demorei a vir aqui escrever porque a cena me afugentou as palavras. Mais consegui recuperá-las finalmente.
Percebi que muitas pessoas como eu, estão se perguntando: O que há por tráz disso? Então eu não poderia escrever este texto sem fazer esta ponderação. Pelo menos quatro aspectos sociais colaboram para esse ocorrido:
A implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) de 2008 a 2014, infelizmente não cumpriu o seu papel central para a segurança pública e o desenvolvimento social e econômico das comunidades. Foram 38 UPPs nas principais comunidades do município do Rio de Janeiro que afugentaram os traficantes para as áreas não dominadas pelo tráfico e de extrema vulnerabilidade social. Nova Iguaçu é um dos municípios da baixada que recebeu este “maldito” legado das UPPs no Rio. A cidade pasou a ter outra configuração, de crescente dominação do tráfico, com traficantes de “importação”.

Um projeto político de poder, “Jesuscracia”, vem sendo executado com força total desde a década de 80, com objetivo de destituir o Estado Laico. O crescente empoderamento de pastores e líderanças evangélicas nos parlamentos municipais, estaduais e federais e também no executivo, passibilita que muito dinheiro seja colocado nas igrejas e em ações sociais desenvolvidas por elas. Para além disso, ela expandiu seu campo de atuação em presídios e projetos de recuperação de usuários de drogas. Altos investimentos tem sido feito na música e na moda gospel, criando uma “estética gospel” que carrega a ideologia Jesuscrata. Chegando a parecer que “não ser de Jesus é um absurdo, não segui-lo é uma infâmia, afinal o Brasil é de Jesus”. No bairro de Miguel Couto em Nova Iguaçu, em 2014, foi erguido um monumento a bíblia no lugar onde há cinco terreiros diferentes nas proximidades.

A ideologia de “Exército de Cristo”, vem sendo disseminada com força total, prioritariamente entre os jovens. Um fato significativo é a campanha agressiva do movimento Neo-Pentescostal, ocasionando uma importância decrescente dos cultos Afro Brasileiros. O movimento Neo-Pentecostal oferece uma alternativa ao quebrar as ligações do indivíduo com o passado. Transfere a responsabilidade dos atos pessoais do eu para as entidades espirituais e proporciona proteção contra o “demônio espiritual, o causador”. Isto facilitou sua penetração em comunidades dominadas pelo tráfico e acirrou a perseguição às religiões de matrizes africanas, historicamente demonizadas, por outras religiões. A pessoa passa a lutar contra o “mal”, em nome de Cristo. A morte é aceita, entretanto, sempre que necessário para defender sua gangue, seu Deus ou suas próprias vidas. Este fenômeno acontecendo em um lugar onde existe “Quase” uma igreja em cada esquina, só potencializa o fortalecimento das ações criminosas. Uma escola de samba teve suas atividades impedidas, porque o presidente se converteu e transformou a escola em igreja. E no ano de 2016 o famoso carnaval de Nova Iguaçu não aconteceu. Foram cifras milionárias para comemoração do natal na cidade e zero investimento para o carnaval.

Outro fator de importância é o racismo. O censo de 2010 do IBGE divulgou que 64% da pululação de Nova Iguaçu não é branca, são auto declaradas amarelas, indígenas, preta e pardas. No mapeamento da políticas para superação do racismo e outras formas de discriminação, não se localiza muita coisa que tenha tido impacto positivo. A cidade historicamente conhecida como cidade “dormitório” e governada por regime “coronelista”, ainda não avançou muito. O racismo ainda é um problema a ser superado, que influencia diretamente nos olhares preconceituosos voltados para religiões de matrizes africanas. Ainda falando de Miguel Couto, existe um sub-bairro chamado Vila Olorum. Seus moradores contam a história de que a região era uma fazenda, nesta fazenda o proprietário conheceu a umbanda através dos negros e tornou-se um umbandista. A geração futura de sua família precisou lotear a fazenda e vender os lotes. Dessa forma cada rua ganhou o nome de um Orixá. Desde 2010 os nomes das ruas vem sendo modificados gradativamente. A rua Oxum passou a ser chamada de rua Nossa senhora da Conceição. Fato este que deixa claro a discriminação com a “religião dos pretos”. A famosa rua treze de maio também teve o seu nome trocado. Até hoje os moradores ainda mencionam como ponto de referência a “antiga rua treze de maio”, e a grande maioria nem sabe o nome atual da rua.
 A cidade de Nova Iguaçu precisa de uma ação de segurança pública que impeça ações criminosas de facções religiosas. Não podem ser banalizadas ocorrências. Também é necessário que a cidade volte a trilhar o caminho da superação das desigualdades, do preconceito e das discriminações. Precisa ressurgir com força, movimentos sociais e políticos que contraponha os “mal feitos” políticos, restabelecendo os princípios do Direito Humano e da democracia. A escola precisa ser um lugar que prepara nossas crianças para não aderirem a cultura do ódio e do racismo. Os projetos sociais precisam contemplar igualmente os terreiros que guardam a riqueza da cultura africana, na culinária, na moda, na dança e no legado linguístico. Essa cultura precisa ser compreendida pela sociedade. Diversas ações de resgate de patrimônio imaterial da cidade, precisam ser implementadas, além do resgate sócio histórico das referências de identidade do povo iguaçuano. Por fim, na bíblia crista, Jesus condenou o apedrejamento, chegou a impedir que uma prostituta fosse apedrejada. Nessa mesma biblia ele ensina que “a obra do diabo é matar, roubar e destruir”. O questionamento sábio de um de nossos heróis negros diz “Nossa religião nunca queimou ninguém na fogueira e no entanto ela é que mantém a fama de servir ao diabo”. (Abdias Nascimento) Matar, roubar, apedrejar e destruir não é o que historicamente as religiões de matrizes africanas fazem. Este processo de demonização precisa ser desconstruído para evitar uma guerra fundamentalista.

africabrasilidentidades.blogspot

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Primeiramente...


ONU: É preciso pôr fim à austeridade para reequilibrar economia global


A economia global parece travada em seu caminho para a recuperação. Um novo relatório da UNCTAD, Trade and Development Report, 2017: Beyond Austerity – Towards a Global New Deal (Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2017: para além da austeridade – rumo a um novo pacto global), descreve uma rota política alternativa e ambiciosa para a construção de economias mais inclusivas e solidárias.

No lançamento mundial do relatório, nesta quinta (14/09), em Genebra, o secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Mukhisa Kituyi, disse: “Uma combinação de endividamento excessivo e demanda global demasiadamente baixa tem entravado a expansão sustentada da economia mundial”.

O documento pede que o século 21 traga um novo pacto, em que as pessoas tenham prioridade frente aos lucros. Pontos cruciais de uma tal transformação seriam o fim da austeridade fiscal, a contenção do “rentismo” (rent-seeking) das empresas e o direcionamento das finanças para a criação de empregos, bem como para o investimento em infraestrutura.

Retomada econômica ainda fraca

A UNCTAD observa que a economia global está melhorando em 2017, embora sem decolar. O crescimento deve atingir 2,6%, pouco acima do ano anterior, mas bem abaixo do patamar médio pré-crise financeira, de 3,2%. A maior parte das regiões deve registrar pequenos ganhos. A América Latina, saindo da recessão, exibe a maior variação entre os dois anos, embora deva crescer apenas 1,2%. A zona do euro deve ter a maior taxa de crescimento desde 2010 (1,8%), permanecendo atrás dos Estados Unidos (ver a tabela).




O principal obstáculo a uma recuperação robusta das economias avançadas é a austeridade fiscal, que é ainda a opção macroeconômica padrão. De acordo com dados da UNCTAD, 13 das 14 principais economias do mundo adotaram políticas de austeridade entre 2011 e 2015.

Com uma demanda global insuficiente, o comércio permanece retraído. Espera-se uma pequena melhora neste ano, por conta da recuperação do comércio Sul-Sul liderado pela China. No entanto, há muita incerteza, especialmente em relação ao comércio de commodities, no qual uma leve recuperação dos preços esmoreceu (figura 1).



Na ausência de uma expansão coordenada sob a liderança das economias avançadas, a sustentação do limitado crescimento econômico global depende de melhoras duradouras nas economias emergentes. Embora as maiores economias emergentes tenham evitado a austeridade entre 2011 e 2015 (com China e Índia mantendo taxas robustas de crescimento), elas enfrentam agora riscos significativos. Os níveis de endividamento continuam a se elevar, sem que haja sinais reais de crescimento econômico robusto; há preocupações com instabilidade política, preços de commodities em queda, taxas de juros mais altas nos Estados Unidos e dólar mais forte. Os fluxos de capital para os países em desenvolvimento permanecem negativos, ainda que menos do que nos anos recentes (Figura 2).



A era da ansiedade: desigualdade, endividamento e instabilidade indicam futuro de precariedades
Nas palavras do principal autor do relatório, Richard Kozul-Wright, “duas das principais tendências socioeconômicas das últimas décadas foram a explosão do endividamento e a ascensão das ‘super-elites’ – grosso modo, o 1% no topo da pirâmide”. Estas tendências, segundo o relatório, estão ligadas à desregulação dos mercados financeiros, à ampliação das desigualdades na propriedade de ativos financeiros e ao foco nos retornos de curto prazo.

Desigualdade e instabilidade estão conectadas à hiperglobalização. Decorre disso um mundo com níveis insuficientes de investimento produtivo, empregos precários e enfraquecimento da proteção social. Em um círculo vicioso, os rendimentos no topo decolam durante as trajetórias que culminam nas crises; na esteira dessas, sobrevêm a austeridade e a estagnação dos rendimentos na base.

Passada uma década da crise global que absorveu trilhões de dólares dos contribuintes em operações de salvamento, o domínio do setor financeiro, por ela responsável, praticamente não mudou. De fato, os níveis de endividamento estão mais altos do que nunca.

O relatório também examina outras fontes de ansiedade, ligadas à robotização e à discriminação de gênero, que afetam as perspectivas do emprego nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. Embora a automação e a crescente participação das mulheres devam ser consideradas bem-vindas, a coincidência com um mundo de austeridade e competição excessiva – que levam a uma corrida para o abismo nos mercados de trabalho – faz com que pareçam ameaçadoras.

Resulta uma reação popular contra um sistema que parece ter passado a privilegiar, de forma injusta, um punhado de grandes corporações, instituições financeiras e indivíduos ricos. A incapacidade de corrigir os excessos da hiperglobalização, adverte o relatório, prejudicará a coesão social; mais que isso, diminuirá a confiança tanto nos mercados como nos políticos.

Sobre a financeirização

A finança desregulada está no cerne do mundo hiperglobalizado de hoje; o fracasso em domá-la e lidar com desigualdades arraigadas tem prejudicado os esforços para a construção de economias inclusivas, aponta relatório das Nações Unidas. “Os cofres públicos foram generosamente usados para impedir a quebra do setor financeiro em 2007/2008, mas as causas profundas da instabilidade financeira não foram abordadas pelos governos nacionais ou em escala global”, disse o secretário-geral Mukhisa Kituyi.

Nas últimas décadas, o controle de economias inteiras pelas finanças se intensificou, como mostram múltiplos indicadores. Os ativos totais do setor bancário mais do que duplicaram, desde a década de 1990, na maioria dos países, com picos de mais de 300% do Produto Interno Bruto (PIB) em algumas economias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (figura 1).

O Relatório da UNCTAD estima que os ativos do setor bancário em países desenvolvidos chegam a 100 trilhões de dólares, o que agora excede a renda global. De forma semelhante, as tendências para economias em desenvolvimento e em transição mostram picos acima de 200% do PIB em alguns casos.

O relatório discute como essas tendências estão intimamente relacionadas com o aumento da desigualdade. Os dados mostram que a diferença de renda entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres aumentou durante as trajetórias que conduziram a quatro das cinco crises financeiras globais desde o final da década de 1970. Na esteira das crises, a desigualdade continuou a aumentar em dois terços dos casos.

Os mecanismos são complexos e variam de país para país, mas o resumo da história é simples: a “grande escapada” dos rendimentos no topo da pirâmide produz subconsumo, dívida privada e investimento especulativo em um contexto de captura crescente das instâncias reguladoras, tornando o sistema financeiro mais vulnerável; daí as crises. No processo de recuperação, os mais pobres sofrem as consequências dos ajustes, perdendo renda e emprego com as políticas de austeridade.

Procura-se: uma alternativa ao fundamentalismo do mercado
O relatório questiona o exagero na responsabilização do comércio e da tecnologia pelos problemas de um mundo hiperglobalizado. Cabe, em lugar disso, uma análise séria acerca do poder de mercado, do comportamento “rentista” e das regras do jogo em que vencedores levam (quase) tudo, como responsáveis por resultados excludentes.

A crescente concentração dos mercados – com consequências potencialmente corrosivas para o sistema político – é uma das questões centrais do relatório.

Enquanto os governantes continuarem a brandir a bandeira da austeridade e a avaliar o sucesso das políticas pelo preço dos ativos e pelos níveis de lucro, com setores vitais sob o domínio do grande negócio, as já significativas desigualdades poderão se agravar.

Rumo a um novo pacto global: invocando o espírito de 1947


Para passar da hiperglobalização para a construção de economias inclusivas, não basta aprimorar a operação dos mercados. É necessário um programa mais rigoroso e abrangente, que enfrente as assimetrias nacionais e internacionais em termos de conhecimento tecnológico, poder de mercado e influência política.

Com os Estados Unidos deixando de desempenhar o papel de consumidor em última instância, a reciclagem dos superávits em transações correntes torna-se um elemento essencial para reequilibrar a economia mundial. O documento aborda o caso da zona do euro (especialmente da Alemanha) que tem agora um alto superávit com o resto do mundo. A recente proposta alemã para o G20, de um Plano Marshall para a África, é bem-vinda, mas por enquanto ainda não tem a envergadura financeira necessária. A iniciativa chinesa de investimentos de três bilhões de dólares, “Um Cinturão, Uma Rota” (“One Belt, One Road”), é muito mais ousada, a despeito da aguda queda do superávit do país nos últimos dois anos.

O relatório extrai lições de 1947, quando o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e as Nações Unidas uniram forças para reequilibrar a economia do pós-guerra e o Plano Marshall foi lançado. Sete décadas depois, um esforço igualmente ambicioso é necessário para combater as injustiças da hiperglobalização e construir economias inclusivas e sustentáveis.

Em resposta ao slogan político do passado — “não há alternativa” — o relatório apresenta os contornos de um novo pacto global para construir economias mais inclusivas e solidárias. O pacto deveria, com velocidade e escala suficientes, combinar recuperação econômica, reformas regulatórias e políticas de redistribuição. O sucesso do New Deal dos anos 1930 nos EUA muito deveu à sua ênfase na redistribuição do poder, dando voz a grupos sociais mais fracos, incluindo consumidores, organizações de trabalhadores, agricultores e grupos mais pobres. Isso não é menos necessário hoje em dia.

Na atual economia global integrada, o sucesso de cada país exige que os governos atuem em conjunto. A UNCTAD pede que os governos aproveitem a oportunidade oferecida pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e construam um novo pacto global para o século 21.

Sim, existe uma alternativa

Medidas-chave discutidas no relatório incluem:

– Pôr fim à austeridade por meio de investimento público, maior e melhor, com uma forte dimensão assistencial, incluindo vultosos programas que aprimorem a infraestrutura e gerem emprego. Ajudar a mitigação das mudanças climáticas, bem como a adaptação a elas; promover as oportunidades tecnológicas oferecidas pelo Acordo de Paris no quadro da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Dar maior importância às atividades assistenciais.

– Aumentar a receita governamental: um maior recurso a impostos progressivos (inclusive sobre a propriedade e outras formas de renda) pode combater a desigualdade de renda. O relatório mostra que mesmo pequenas mudanças nas taxas marginais incidentes sobre as camadas mais ricas reduziriam de forma significativa os déficits. Reduzir isenções, brechas fiscais e o abuso empresarial dos subsídios aumentaria as receitas e a equidade.

– Estabelecer um novo registro financeiro global, identificando a propriedade de ativos financeiros, como primeiro passo para a taxação equitativa.

– Dar mais voz ao trabalho (os salários precisam subir em linha com a produtividade; a insegurança no emprego precisa ser corrigida por meio de ações legislativas e medidas ativas no mercado de trabalho).

– Domar o capital financeiro: regular de forma apropriada o setor financeiro, desde o private banking até os produtos financeiros “tóxicos”.

– Melhorar a capitalização dos bancos de desenvolvimento multilaterais e regionais: as lacunas institucionais no campo da reestruturação da dívida soberana precisam ser resolvidas no plano multilateral.

– Manter o controle sobre o “rentismo” empresarial. Medidas para combater práticas comerciais restritivas devem ser tomadas conjuntamente com uma aplicação mais rigorosa de normas nacionais de divulgação de informações. Um observatório da competição global poderia monitorar as tendências e padrões da concentração de mercado mundial e reunir informação sobre as diversas diretrizes regulatórias, o que seria um primeiro passo para a criação de normas e políticas globais coordenadas de melhores práticas e políticas internacionais.

Leia mais sobre o relatório acessando: UNCTAD_rentismo_final (1); UNCTAD_robôs_final (1) e UNCTAD_gênero (final) (1)

(conteúdo fornecido pela assessoria de comunicação da UNCTAD no Brasil)


 Fonte: Brasil Debate

Motorista embriagado oferece R$ 10 mil para policiais para não ser preso


Embriagado, um motorista de 35 anos tentou subornar na madrugada desta sexta-feira (15) policiais militares, em Campo Grande, para que não fosse preso ao ser flagrado dirigindo bêbado.
O motorista que conduzia um Honda Civic pela Rua 15 de novembro foi abordado por volta das 2 horas da madrugada de hoje (sexta), em um ponto conhecido por ser frequentado por usuários de drogas e por prostituição.
Durante a abordagem, o motorista que estava com fala pastosa e olhos avermelhados desferiu palavras de baixo calão contra os policiais, sendo que posteriormente ainda ofereceu o valor de R$ 10 mil para que fosse liberado pelos militares, sendo a tentativa de suborno gravada pelos policiais.
Dentro do veículo, os policiais encontraram latas de cerveja. Ele foi levado para a delegacia de polícia onde foi autuado por embriaguez ao volante e corrupção ativa.
Midia Max

“Ivanas” da vida real: transgêneros que venceram o preconceito



Aaron Flynn: “Meus amigos me ligam para comentar cada semelhança da minha história com a da novela”
Segundo Flynn, a reação dos pais foi a parte mais difícil da história. “Eles não me expulsaram de casa, nada disso, mas eu via a tristeza deles. Eles me olhavam de maneira estranha, como se não me reconhecessem mais.” A situação durou alguns meses, sobretudo por parte da mãe, que demorou mais a aceitar. “Hoje ela vê que estou mais feliz e gosta do meu novo cabelo.”
Assim que decidiu ganhar um corpo masculino, o administrador procurou um médico para fazer o tratamento. “Estou tomando coragem para enfrentar a mesa de cirurgia e me livrar dos seios.” Profissionalmente, Flynn se destaca na sede brasileira da multinacional P&G, como supervisor de TI. Bem resolvido, diz que ainda falta superar algumas barreiras. “Não vou a banheiros públicos por medo de ser agredido”, admite.
Reviravolta aos 40
A professora Daniela Mourão passou a tomar hormônios em junho de 2016, mas só neste ano decidiu se apresentar com seu novo visual — maquiada e de vestido — a seus colegas do departamento de matemática da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Guaratinguetá, onde leciona. A data escolhida foi 1º de março, dia em que completou 40 anos.
Transgênero: Daniela Mourão: “Não me arrependo de ter assumido tarde”© Veja SP Daniela Mourão: “Não me arrependo de ter assumido tarde”
Casada desde 2010, ela diz que sua mulher, no início, cogitou a separação, mas hoje a apoia. A esposa vive em um apartamento na região central, e Daniela vem para cá apenas nos fins de semana, devido ao trabalho em outra cidade. O restante da família, no entanto, ainda não aprova a mudança. “Meus pais não falam mais comigo. Minha irmã tem medo que eu ‘contamine’ meu sobrinho. E meus sogros querem que minha esposa se divorcie de mim.”
Apesar de quase ter morrido pelas agressões sofridas no ensino médio devido ao seu jeito afeminado, a acadêmica prosseguiu nos estudos: fez doutorado em engenharia e tecnologia espacial no Inpe e pós-doutorado em astronomia na Unesp. “Não me arrependo de ter assumido tarde. Se fizesse isso na adolescência, teria sido expulsa de casa e talvez precisasse ter me prostituído para sobreviver.”
Advogada pioneira
Uma das figuras mais conhecidas da população LGBT, Marcia Rocha, de 52 anos, entrou para a história em fevereiro deste ano como a primeira advogada do país com o nome social na carteira da OAB. Sócia de quatro empresas nas áreas de estacionamentos e empreendimentos imobiliários, que lhe rendem faturamento mensal de 70 000 reais, é uma ativista da causa.
Transgênero: Marcia Rocha: “Espero que, em breve, sejamos tão inseridos quanto mulheres, negros e homossexuais”© Veja SP Marcia Rocha: “Espero que, em breve, sejamos tão inseridos quanto mulheres, negros e homossexuais”
Presta auxílio na alteração de documentos de pessoas trans e criou em 2012 o Transempregos, portal que tem mais de 1 000 currículos para a colocação desse público no mercado de trabalho. “Espero que, em breve, sejamos tão inseridos quanto mulheres, negros e homossexuais”, almeja.
Marcia se assumiu em 2004. Enquanto a maioria dos trans prefere esquecer o passado, ela faz questão de lembrar que, antes da mudança, se chamava Marcos Cesar da Rocha. Na casa da mãe ainda há um retrato antigo em que ela aparece com a filha Giulia, hoje com 23 anos. No início, houve estranhamento, mas passou rápido. “Hoje a Giulia sente orgulho de me apresentar às suas amigas”, conta Marcia.
Abraços de apoio no escritório 
Em meados de 2015, a engenheira biomédica Maria Fernanda Hashimoto, 27, levava a vida dos sonhos de muita gente. Tinha um bom cargo na General Electric, onde controlava a qualidade dos maquinários e produtos da empresa, e uma noiva havia cinco anos. Mas, por dentro, sentia-se estraçalhada: não podia mais esconder que, na verdade, era uma mulher.
Transgênero: Maria Fernanda Hashimoto: “O mercado ainda é bem difícil, mas há companhias abertas às novas realidades”© Veja SP Maria Fernanda Hashimoto: “O mercado ainda é bem difícil, mas há companhias abertas às novas realidades”
O primeiro desafio foi abrir o jogo à futura esposa. Ela topou ficar ao seu lado e até hoje é uma das pessoas que mais a apoiam. Maria, então, passou a tomar altas doses de estrogênio. Cerca de um ano depois, tornou-se transexual (fez operação para mudar de sexo). Na fase da transformação, chegou a pedir demissão do trabalho. “Meu chefe não aceitou. Disse que não era motivo para eu sair”, conta.
O caso se espalhou no escritório e a acolhida também se mostrou surpreendente: volta e meia, ganhava abraços de desconhecidos no corredor. Em julho de 2016, recebeu uma proposta da multinacional Becton Dickinson. Seu pagamento no novo posto é de cerca de dez salários mínimos. “O mercado ainda é bem difícil, mas há companhias abertas às novas realidades”, diz Maria.
Fé na diversidade 
Presente em mais de cinquenta países, a Igreja da Comunidade Metropolitana, protestante e de origem americana, é uma das poucas no mundo que acolhem gays, lésbicas, transgêneros e afins. A filial em São Paulo fica em Santa Cecília, no centro. Um de seus fiéis é a pedagoga Alexya Salvador, de 36 anos, que frequenta o local desde 2011 com o marido, o professor Roberto Salvador Jr., 28, e os dois filhos, Gabriel, 12, e Ana Maria, 10.
Transgênero: Alexya Salvador: “Serei a primeira reverenda transgênero da América Latina”,© Veja SP Alexya Salvador: “Serei a primeira reverenda transgênero da América Latina”,
Alexya se encantou tanto com os ensinamentos religiosos que, em 2012, iniciou um curso de formação teológica. Em abril, tornou-se pastora auxiliar e, no fim do ano, será ordenada e subirá de posto. “Serei a primeira reverenda transgênero da América Latina”, comemora.
Formada em letras e pedagogia, ela começou a transformação há seis anos. Na época, já era casada com Salvador. “Meu marido é homossexual e me conheceu como Alexander. Tinha medo que ele não me aceitasse após me expressar como mulher”, comenta. O professor, no entanto, não apenas continuou o relacionamento, como topou a ideia de adotar filhos.
Primeiro, veio Gabriel, em 2015. Um ano depois, Ana Maria, que é transgênero como a mãe. “Posso passar toda a minha experiência a ela.” Há três anos, Alexya começou a costurar e hoje vende aventais de professores e roupas em geral. “Meu objetivo agora é abrir uma confecção voltada para o público trans”, planeja.
Demissão, despejo e depressão 
Formada em filosofia pela USP, a paulistana Luiza Coppieters, 38, decidiu se assumir como mulher em 2012. Naquele ano, passou a consumir hormônios e deixou o cabelo crescer. Ainda assim, disfarçava usando rabo de cavalo e camiseta para esconder os peitos. A revelação para a família, os amigos e os colegas de trabalho só ocorreu em 2014.
Transgênero: Luiza Coppieters: “Apesar de todo o perrengue por que passei, é muito melhor ser eu mesma do que ficar escondida para satisfazer às convenções sociais”© Veja SP Luiza Coppieters: “Apesar de todo o perrengue por que passei, é muito melhor ser eu mesma doque ficar escondida para satisfazer às convenções sociais
Os pais, irmãos e alunos aceitaram a situação, mas a notícia foi mal recebida pela direção do colégio em que ela dava aula de filosofia. “Começaram a cortar as minhas classes e meus grupos de estudo. Minha renda caiu para um terço do que recebia e tive de vender meus móveis e livros. Até que fui demitida, um ano depois”, comenta.
“Por falta de dinheiro, fui despejada de onde morava e aluguei um cubículo no centro. Cheguei a passar fome e entrei em depressão, mas me reergui graças à militância”, conta. Seus discursos calorosos em prol do movimento LGBT chamaram a atenção de entidades ligadas ao tema, que começaram a contratá-la para dar palestras.
No fim de 2015, o vereador Toninho Vespoli, do PSOL, convidou-a para entrar no partido, e, no ano seguinte, ela saiu como candidata a vereadora. Não conseguiu se eleger, mas comemorou os 9 744 votos recebidos. “Apesar de todo o perrengue por que passei, é muito melhor ser eu mesma do que ficar escondida para satisfazer às convenções sociais.”
Volta por cima após surras e expulsão de casa
Mesmo antes de se apresentar como mulher para a sociedade, há três anos, a artista plástica e designer Neon Cunha, de 47 anos, já se comportava de maneira feminina. Quando era criança, só gostava de bonecas e roupas de menina, e agia como se fosse uma delas. Isso, contudo, lhe trouxe uma série de problemas.
Transgênero: Neon Cunha, sobre a mãe: “Ela diz agora que sou a maior amiga e confidente dela”© Veja SP Neon Cunha, sobre a mãe: “Ela diz agora que sou a maior amiga e confidente dela”
“Meus pais viviam recebendo notificação da escola e minha família não saía comigo para evitar ‘constrangimento’”, lamenta. Ela conta que levava surras constantemente do pai e, aos 8 anos, um de seus onze irmãos tentou sufocá-la. “Ele colocou cobertores na minha cabeça e sentou em cima, dizendo que não aguentava mais todo mundo falando de mim, na rua.”
Para ajudar a complementar a renda doméstica – sua família é de classe média baixa –, Neon começou a trabalhar bem cedo. Aos 12 anos, conseguiu ingressar na Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC, como mensageira. Foi promovida a auxiliar administrativa e, posteriormente, chegou ao departamento de comunicação, onde está até hoje – atualmente, ela é chefe de seção.
Nesse meio tempo, entrou para a faculdade de artes plásticas e se formou em 1992, aos 22 anos. Quando se preparava para fazer mestrado, sofreu um baque: foi expulsa de casa. “Eu era totalmente rejeitada pela minha família, e a gente foi se distanciando cada vez mais”, explica.
A designer teve de alugar um imóvel em caráter de urgência, o que consumiu o dinheiro que havia reservado para os estudos. Foi se recuperando aos poucos e, algum tempo depois, retomou projetos pessoais, entre eles, atuar com design e moda paralelamente ao cargo na prefeitura. Conseguiu alguns trabalhos nessa área. Hoje, é assistente de estilo da grife de Isaac Silva.
Neon começou a pensar em oficializar sua condição feminina em 2011, com a adoção de cabelos compridos, roupas de mulher e troca de nome, mas só três anos depois tomou a decisão. Ao mesmo tempo, também implantou prótese nos seios e fez lipo para acentuar a cintura.
Voltou a falar com a família e, atualmente, mantém uma relação próxima com a mãe. “Ela diz agora que sou a maior amiga e confidente dela”, comenta a artista plástica. “Não esqueço o que aconteceu, mas consegui perdoá-los na medida do possível.”

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