domingo, 28 de janeiro de 2018

Vídeo: Ladrão furta empresa, é preso e solto minutos depois em Naviraí


Na noite de sexta(26) para sábado, por volta das 22  horas, meliante arromba porta de empresa de peças e serviços em Naviraí, entra e vasculha todo o ambiente em busca de objetos de valores.

Segundo registro  feito pela vítima, o ladrão levou dois parelhos celulares do local.

Câmeras de segurança instaladas no interior do escritório da empresa gravaram toda a ação do autor, revirando gavetas.

De acordo com informações levantadas em rede social, o suspeito foi preso ontem,28, ouvido na delegacia e solto logo em seguida, por não ter sido pego em flagrante.
Segundo a legislação, o mesmo responderá em liberdade.

A vítima, indignada, postou um desabafo em rede social, sobre o caso: "Eu te pergunto, de que adianta registrar B.O. ,ter todo esse transtorno, filmagens... Que Pais é esse que nós vivemos onde os direitos são dos que não deveriam ter direitos? Até quando vamos ter que conviver com situações desse tipo?".

Dezenas de comentários em solidariedade e apoio ao empresário foram contabilizadas até o início da noite de ontem. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Naviraí: População padece e políticos fingem não ver


Seguindo o ritmo do estado , Naviraí enfrenta hoje os reflexos de uma crise que abala boa parte do país, com fechamento de empresas e consequente aumento dos níveis de desemprego, fato que se nota ao caminhar nas principais ruas da cidade e observar as portas que ainda estão abertas.
Para piorar a situação, a promessa  de  geração de empregos ainda não saiu do papel, com uma gestão paralisada ,inerte e aparentemente descomprometida com as classes menos favorecidas da cidade. Uma política séria, que procure amenizar a situação, ainda não foi apresentada nestes  pouco mais de um ano da administração Izauri de Macedo, deixando famílias em pânico neste início de 2018, com perspectivas concentradas única e exclusivamente na promessa de reativação da Usina e de um frigorífico, que devem  aquecer o mercado interno.
Enquanto isso, nas redes sociais, a população se vira como pode, vendendo bens e utensílios domésticos como forma de se desviar momentaneamente das dificuldades. Nos classificados se acha de tudo a preços incrivelmente módicos: Desde som  de carro, geladeiras, celulares, cães, casas e terrenos e muito mais.  Esse pequeno detalhe, que passa quase imperceptível aos olhos dos naviraienses , serve de termômetro da conjuntura, de acordo com um prisma econômico.
No último mês, a venda de produtos praticamente triplicou, com atualizações diárias difíceis de serem acompanhadas. Um reflexo claro de que a situação urge medidas concretas para superar a crise interna, medidas essas que, dependendo da atual equipe que administra o município, não ocorrerão, ada a inércia vergonhosa como o chefe do executivo olha para o problema, de forma indiferente .
Em entrevista para uma rádio local semana passada, pouco divulgada e com ouvintes contados a dedo, Dr. Izauri teve a coragem de  declarar que “conta com o imprescindível apoio da população”, numa ironia típica de quem zomba de seu povo. O povo não deve saber disto, lógico. Em outra declaração na entrevista, o próprio alcaide admite, assume de forma sincera ,que seu primeiro ano foi um verdadeiro fracasso,ao lembrar 2018 como um ano “em que a prefeitura deverá dar uma deslanchada”(risos).
Em pesquisa na cidade, visitamos semana passada uma empresa no município, onde uma pessoa disse que diariamente vão de 15 a 20 pessoas, das mais variadas idades, em busca de uma colocação, de uma oportunidade. Retornando aos classificados de uma rede social, agora mais uma novidade pode ser vista: Tem gente colocando pedidos de emprego, de babá a motorista. Uma situação não apenas  constrangedora  aos políticos locais,que se apresentaram nas eleições como ‘salvadores da pátria’ mas algo que entristece como um todo.
Nas ruas, em plena sexta-feira 10 da manhã, cidade parece um sábado de tardezinha, com poucos carros circulando(gasolina caríssima) e uma dezena de transeuntes pelas calçadas. Assim tem sido.   Alguém do alto escalão se mostra preocupado? Não, pois  todo mês o deles caem, alguns com valores exorbitantes. Deu até para alguns viajarem ao exterior, sem descontar em seus salários, e o patrão de todos, cabe lembrar, nem passou o réveillon em Naviraí.
Quem tem, tem, não é assim que dizem ? E quem não tem, e nem de onde tirar, assiste, passivamente, mais um ano que dará o que falar.
Só Deus,mesmo...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

É a política, estúpido:


A história recente do Brasil é marcada, com alguns recuos, por tentativas de ampliar a democracia formal, sempre contrabalançada por práticas de contenção da participação popular. A ideia é criar uma democracia sem povo.
Após 1945, a democracia finalmente chegou ao Brasil. É nesse período que ganham força dois projetos antagônicos: o desenvolvimentista e o liberal. Enquanto o primeiro parecia levar vantagem nas urnas, o segundo se entrincheirava nos meios de comunicação.
A UDN, partido que representava os liberais, tinha dinheiro, muita influência na mídia e uma base social sólida. Porém, convivia com um dilema. O partido era visto como elitista. Antipovo. Essa é uma contradição entre o liberalismo político e econômico. Enquanto o primeiro em tese defenderia a soberania popular, o segundo propõe reformas impopulares.
Não se elege um presidente apenas apelando para uma classe social. O discurso liberal tinha pouca aceitação entre os trabalhadores, pois esses entendiam que a CLT era o que os protegia das oscilações do mercado e das arbitrariedades dos mais poderosos.
Como, então, defender o liberalismo e ao mesmo tempo ser popular? Tarefa difícil. Nas eleições de 1945, por exemplo, após uma fala infeliz do candidato Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), o PTB lançou a campanha “marmiteiro” não vota e “grã-fino”. Referência ao elitismo do militar, que havia dito num comício que desprezava o voto dos getulistas, uma “malta de desocupados”.
Na impossibilidade do liberalismo seduzir grande parte da opinião pública, num país tão desigual quanto o Brasil, a estratégia emprega pela direita, para impor a sua agenda, pode ser representada por um tripé: 1) apego à moralidade, 2) discurso catastrófico, 3) golpe de Estado.
Os jornais manipulavam de modo seletivo os casos de corrupção, com o objetivo a deslegitimar certas agendas. Um exemplo, que voltou a ser lembrado recentemente, foi o apartamento em Ipanema, na Vieira Soto, que os jornais acusaram Juscelino Kubistchek de ser o proprietário e o de ter colocado no nome de um amigo para ocultar esse patrimônio.
Por que discutir a importância estratégica da Petrobrás? Melhor acusá-la de balcão de negócios. As histórias dos escândalos de corrupção acompanham, de forma impressionante, a estruturação de um projeto nacional autônomo.
Além do já mencionado Juscelino Kubistchek, Getúlio Vargas e João Goulart também sofreram com o cerco moralista. A oposição, diziam, não passaria de populistas demagogos, que querem comprar o apoio das camadas desfavorecidas com benesses quiméricas. O objetivo deles, contudo, seria se perpetuar no poder e usá-lo em benefício próprio. O desfecho lógico desse raciocínio é simples: se um grupo compra o apoio de uma massa de ignorantes, não existe vontade popular. No limite, justifica-se até um golpe militar.
Esses são os mecanismos criados para conter a democracia no Brasil. Por isso, somos um país que fica dividido ante a qualquer possibilidade de reformas sociais.
Na época da Guerra Fria, os teóricos americanos desenvolveram uma teoria conhecida como “dominó”. Diziam que qualquer país no mundo que se tornasse comunista poderia influenciar o seu entorno e provocar um “efeito dominó”, ou seja, entusiasmar outras nações a seguirem o mesmo caminho. Por isso as tropas americanas eram usados para combater em países que eles nem sabiam localizar no mapa.
Podemos usar esse pensamento no caso brasileiro. Se o povo deve ser mantido afastado da política, é preciso destruir qualquer esperança reformista, ainda que nascente. Ainda que moderada.
Se a população perceber que a atividade política tem o poder de transformar a sua realidade, ela pode tomar gosto pelo tema e seria quase impossível frear as mudanças. Por isso, a criminalização da política, as generalizações e a descrença na democracia.
Lula, portanto, não está sendo perseguido pelos seus erros, que de fato existem, mas pelo o que ele representa. É a força histórica de um país desigual que divide o Brasil, que gera essas tensões. Não um senhor de 70 anos. Perceber a lava-jato, nesse momento, como uma disputa entre PSDB e PT é olhar apenas para a espuma da arrebentação.
A tarefa da esquerda é valorizar a força transformadora da política. É lutar contra as generalizações.
Sim, a imagem do Lula divide o Brasil, mas não se faz política sem conflito. Como diria Foucault: a política é a guerra por outros meios.
Eduardo Migowski(Meu professor de História -Facebook)

domingo, 21 de janeiro de 2018

Quando o virtual se torna letal. Exibicionismo, autoafirmação e idiotas intelectualizados


Em cada homem de ânimo fraco e não muito certo do êxito de sua tarefa surge uma necessidade torturante de se convencer, de se animar e acalmar. Ele começa até a acreditar em sinais propícios. DOSTOIÉVSKI. Fiódor M. In: Notas de inverno sobre impressões de verão.
Atualmente encontramo-nos na Era da Informação. E nesta, através de redes virtuais de comunicação, é que assuntos da economia à política, da cultura à sociedade, e, não menos importante, da vida privada ao interesse público, ganham uma notoriedade ímpar (não entremos, todavia, no mérito da qualidade do debate). Assim como outros casos, o mundo virtual pode ser benéfico na mesma proporção que letal, dependendo unicamente de como é utilizado. A ambiguidade permanece, tanto mais que neste novo patamar impera uma frenética afetação de títeres made in Facebook.
Na sociedade atual, esta dubiedade virtual/real está de tal forma amalgamada que é impossível sequer cogitar uma distinção sociológica sem considerar a complexidade das relações sociais. Se o virtual d’outrora era alcançado, dentre outras opções, por meio de concentração espiritual (leia-se fé), hoje a tecnologia permite-nos que, em apenas um clique, um vasto leque de possibilidades se abra. E isto é excepcionalmente sublime, pois há uma comodidade ímpar para, dentro do conforto do lar, promover a insaciável busca pelo conhecimento e pelo prazer anímico.
No entanto, mesmo com esta relativa praticidade e, sob uma visão existencialista-filosófica, muitos atualmente fogem à introspeção reflexiva ou, em outras palavras, evitam de todas as formas possíveis o que erroneamente chamam de tédio. Sejamos mais práticos neste ponto, pois, salvo exceções, pode-se ao final do dia inferir o seguinte: o que acrescentei em minha vida, em meu conhecimento hoje? Se não houver uma resposta (e tanto pior se isto persistir), fora então diagnosticado o sintoma de um grave problema. Não obstante, o remorso causado pela negligência consciente tende a repercutir seriamente nas relações socais e psicológicas, individual e/ou familiar. Em outras palavras, uma hora a conta é cobrada…
Na sociedade atual, facilmente encontraremos uma pessoa alienada na mais pura abstração de “se fazer bem vista para os outros”. O exibicionismo sempre existiu, assim como sempre existirá; e também disto decorre a exponencial propagação de idiotas intelectualizados. Expliquemos: hoje a velocidade da informação é a mesma de um clique, ou seja, é de uma agilidade espectral, quase indescritível, com a qual podemos obter uma informação em qualquer parte dos seis continentes.
Esta mesma surpreendente agilidade é a razão da efemeridade e volatilidade com que muitos constroem não apenas o seu cotidiano, mas muitas vezes moldam sua vida. Por exemplo, hoje as redes sociais já cumprem amiúde uma brumosa função educativa que, em muitos casos, supera os responsáveis ad hoc desta função. São recursos educativos, sim; desde que não se confie unicamente nas capacidades, muitas vezes inexistentes, do autodidatismo.
Para as pessoas que sofrem de “preguiça mental”, ler e informar-se verdadeiramente de algo é tido por chato, por enfadonho. É melhor, na conjuntura atual, assistir um vídeo; é mais didático, não é? Didatismo exacerbado a tal ponto que infantiliza extremamente, formando seres relativamente incapazes em quase tudo, os quais carecem de eterna tutela. Se a era da informação, através de seus meios (celulares, smartphones, tablets, etc.), forneceu acesso imediato e sem pré-requisito, por parte do cidadão comum, ao mundo global como um todo, dando-lhe voz, é compreensível que condutas pessoais sejam facilmente induzidas e/ou manipuladas, especialmente em termos políticos. Vide, para todos os efeitos, os exemplos da praticidade consumista contida em one click.
Resulta desta conjuntura um hediondo exibicionismo generalizado, uma preocupação com a estética superficial, um “belo e sublime” negligenciado, sem profundidade. Muitos coetâneos querem opinar, querem demonstrar “notório saber”, especialmente quando se trata de política. É justamente por esta razão que não é raro encontrarmos analfabetos políticos vociferando em exaltada verborragia os mais cômicos delírios. É nas redes sociais que podemos ver um idiota intelectualizado que, geralmente por não gostar de ler, assiste vídeos, absorve abjetos chavões, vê imagens (não sabe se manipuladas ou não), e é com base neste risível e cômico modus operandi que contesta um especialista (não importando se este dedica/dedicou parcialmente ou integralmente sua vida à pesquisa deste ou daquele tema, seja em política ou em qualquer área do conhecimento humano).
Por esta razão que uma criança pode facilmente (e publicamente) contestar um douto, a qualquer momento. São no mínimo mentalmente infantis aqueles que aqui chamamos de idiotas intelectualizados, mas, em contrapartida, são deveras perigosos. Aliás, este comportamento foi magistralmente registrado por Quiroga, no seu conto A galinha degolada. Estes idiotas, é claro, estão conscientes de sua fragilidade, por isso que não são abertos ao diálogo (dialogar o quê?). Quanto maior a necessidade de alguém expressar seu fanatismo (seja religioso, político ou esportivo), maior será a propensão à intolerância de opiniões contrárias às suas. Aliás, é por meio da sua experiência de vida inigualável (no meu tempo não era assim) que eles sabem quem será o “mito” presidente em 2018 (sim, eles ainda creem em salvadores da pátria). Há sempre um problema perene e uma culpa em busca de um culpado; uma vítima sendo culpada pela violência que sofreu…
Questionados, no sentido de como estes seres vegetativos detém tanto “saber”, certamente, não responderão. Conhecimento de causa, profundidade e humildade, além de adjetivos corretos, fogem à compreensão destas pessoas. Em resumo, caro leitor, porque são perigosos? Estas pessoas, na maioria das ocasiões, votam. E quem vota, elege. Além de que, direta ou indiretamente, fomentam a intolerância sociopolítica e (o que é pior), geralmente são favoráveis às relações opressivas de dominação, com o clássico e palpável caso da dominação masculina, como bem ressaltou Bourdieu. Agem mais por instinto. Aliás, um abjeto e asco instinto primitivo, inclusive sexual.
Os bares, restaurantes, pubs, etc., já incorporaram esta realidade virtualizada, pois sempre há um espaço alternativo para que sejam registradas as selfies. Não seria isto altamente sugestivo? Exemplo desta situação pode ser verificado no simples fato de alguém ficar por algumas horas (ou minutos), sem acesso à internet. Ela é dinheiro, é atrativo no comércio. Inclusive, há os que abrem mão dos familiares (esposas, maridos, filhos, etc.), por conta desta conjuntura; mas há também aqueles que os perdem por pura negligência. Isto não é mera crítica, é a percepção da conjuntura sociológica deste início de século, ou melhor, de toda uma era sem precedentes na Humanidade.
O problema consiste no fato de que a maior parte das iniciativas virtualizadas, inclusive as sentimentais, são superficiais e efêmeras, enquanto que pouco consiste em essência. Às vezes, podemos encontrar certo respeito ao verdadeiro conhecimento, mas tudo se limita ao curtir, uma vez que apropriar-se dele é considerado por este público como algo enfadonho, chato, cansativo – por isto, amigo leitor, se chegou até aqui, está de parabéns. Obviamente que focar na superficialidade é mais rápido, na mesma proporção em que é volátil.
Veja-se outro aspecto fundamental realçado, além dos idiotas intelectualizados, na necessidade de exibicionismo, e este, por sua vez, servindo debilmente como um instrumento de constante necessidade de autoafirmação. Na maioria destes casos, as publicações virtuais são de estilo autoajuda, o que é deveras motivo de preocupação, por dois motivos: (1) ausência de personalidade e, consequentemente, (2) fomento às doenças e abalos de viés depressivo. Não é necessário ser um profissional especializado para compreender os nocivos efeitos psicológicos presentes no virtualismo (neste caso, mais real do que nunca), com relação ao montante exponencial de pessoas socialmente inseguras, que buscam acreditar em quaisquer pífios sinais, seletivamente propícios.
Um exemplo vale mais do que a descrição a fundo do problema. Vamos lá: especialmente em grupos de WhatsApp, mas também nas redes sociais como um todo, qual seria a razão de ter uma mesa farta, com atavios diversos, de uma janta ou almoço, se a mesma não pudesse ser utilizada como motivo de exibição perante os demais? O “é o que temos pra hoje” demonstra gritantemente duas coisas: (1) a insegurança de quem age assim, por indiscutivelmente necessitar da opinião e legitimação alheia e, justamente por isto, (2) assegura a futilidade do esteticismo banal, no exato momento em que preocupa mais com “o bonito para os outros” do que aquilo que seria o bom para si. A simples tomada de consciência desta realidade já é, em si, uma proposição.
Percebe-se que há uma evolução nas formas de demonstrações de variados ethos. Os limites entre o útil e o fútil de um recurso virtual confundem-se no exato momento em que seu uso torna-se duvido: exibicionismo. Os mais conscientes sabem que estamos diante de um grave problema de nossa era, o qual não considera sexo, idade, cor ou classes sociais. O mundo virtual conquista o âmago de muitos com uma facilidade muitas vezes superior à educação advinda do ambiente familiar. Em outras palavras, algumas vezes observa-se uma colossal distância entre aquelas pessoas que estão fisicamente próximas, em prol de uma virtual aproximação.
Ademais, estar informado não é sinônimo de conhecimento ou mesmo de interpretação correta das informações disponíveis. Propaga-se hoje um público relativamente incapaz de raciocinar, de dialogar e compreender assuntos que, em muitas ocasiões, são demasiados simples. Este público perde sua razão de existir (ah, o existencialismo é algo caríssimo), no exato momento em que se vê fora do alcance virtual (por mais que não lhes falte os suprimentos básicos à vida, ainda que com relativo conforto). Em uma conjuntura como a atual, não seria o mundo virtual, ou melhor, o seu imprudente usufruto, tão nocivo quanto tantos outros vícios lícitos (ou ilícitos)? É de se pensar…
*Marconi Severo é Cientista Social & Político - Pragmatismo Político

sábado, 20 de janeiro de 2018

Noam Chomsky grava vídeo em apoio a Lula


O linguista e filósofo americano Noam Chomsky, um dos intelectuais mais reconhecidos de sua área de atuação,  divulgou um vídeo em que defende a candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República.
"Com tudo indicando que Lula é a figura mais popular do Brasil e muito provavelmente seria eleito em eleições justas, é no mínimo apropriado que ele seja permitido a se candidatar para que o povo brasileiro possa expressar seu próprio julgamento na candidatura de Lula", diz Chomsky.
Confira abaixo a íntegra do vídeo:

Intelectuais, políticos e artistas internacionais têm se manifestado em defesa do ex-presidente Lula, e vários deles já assinaram um documento em apoio à candidatura do petista.
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O que fará o TRF-4 no processo do Triplex do Guarujá que pode deixar Lula inelegível?


(*) Tiago Resende Botelho
Se o TRF - 4 não reformar a decisão monocrática do juiz de Curitiba, seguirá violando o direito brasileiro e condenando sem provas mais um cidadão brasileiro. Se assim decidir, será mais uma injustiça anunciada! Não se trata de defender apenas o ex-presidente ou seu direito de ser candidato, mas de respeitar o que determinar o Estado Democrático de Direito. O requisito para ser proprietário de um imóvel no direito brasileiro é ter escritura pública registrada junto à matrícula do imóvel no RGI. É óbvio que Moro apresentou a matrícula do tríplex brega que alega ser Lula o proprietário, certo? Não! O imóvel está registrado em nome da OAS, que é a real proprietária; Cessão fiduciária é o instituto que dá a propriedade em garantia. Foi firmado um contrato de cessão fiduciária entre a OAS e a Caixa Econômica no tríplex, certo? Sim. Todavia, para sua tristeza, o contrato não foi firmado por Lula e a querida Marisa, mas pela OAS, como garantia de recuperação da empresa. É documento registrado; Enriquecer ilicitamente é transferir bens, valores ou dinheiro de uma pessoa para outra. Lavar dinheiro é dissimular ou esconder bens. Moro provou o enriquecimento ilícito e a lavagem de dinheiro do chefão da quadrilha, Lula? Não. Primeiro, esconder bem para lavar dinheiro precisa de um bem e de dinheiro, o que não se prova em nenhum canto da sentença. Segundo, enriquecer ilicitamente de um bem que sequer está acrescido em seu patrimônio e nunca lhe rendeu nem um mísero churrasco é zombar da minha inteligência; Testemunha de acusação serve para comprovar os fatos narrados pela acusação, certo? Óbvio. Entretanto, as 27 testemunhas daqueles que acusaram não trouxeram provas materiais e o inocentaram; Delação premiada não é prova, mas indício e precisa de materialidade. É claro que o Moro conseguiu unir delação e materialidade? Não! Além de usar apenas delação como prova, foi além e se aproveitou de deleção desacreditada pelo MPF. Condenar a 9 anos e 6 meses de prisão alguém que, segundo Moro, é o problema do Brasil, é a prova que a Lava Jato acabou e só serviu para perseguir o PT. O juiz não têm provas materiais, só convicções. A decisão é muito simples, vez que não há provas do crime que tentam o imputar. Assim, se o TRF – 4 seguir o que diz a lei, Lula será inocentado, mas se preferir acompanhar a decisão política do juiz de primeira instância de Curitiba e o ódio irracional de parcela da sociedade do torneiro mecânico que virou presidente, Lula sofrerá a amargura de um tribunal de exceção.
Aos que comemoram a possível condenação de um homem que por sua história se fez presidente do Brasil, sem crime comprovado, apenas por ódio ao que Lula representa ao povo brasileiro, lembrem que, no Estado de Exceção, o próximo alvo de um Poder judiciário que atende o ódio de parcela da sociedade pode ser você ou um dos seus.
(*) Advogado e Professor da Faculdade de Direito e Relações Internacionais da UFGD
Folha de Dourados

A Petrobras e o alto preço da submissão


Por Giorgio Romano Schutte* — Carta Capital

Sujeita às regras de Wall Street desde os tempos de FHC, a estatal cede à pressão de investidores nos EUA

No início do ano, a Petrobras fechou um acordo nos Estados Unidos com o escritório de advocacia Pomerantz, representante dos acionistas que se consideram lesados pela petroleira em uma ação coletiva. A empresa dispôs-se a pagar 2,95 bilhões de dólares (cerca de 9,6 bilhões de reais). O processo começou no fim de 2014, a partir das delações premiadas de Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

Alegou-se que a empresa maquiou relatórios para ocultar o roubo. Por omissão ou voluntariamente, prestou informações erradas sobre a real situação e a qualidade dos seus controles internos, o que causou prejuízo aos investidores que adquiriram ações da Petrobras na Bolsa de Nova York de janeiro de 2010 a julho de 2015. Juntaram-se à ação compradores de debêntures em 2013 e 2014.

A atual direção da companhia manteve a linha de defesa da anterior: a empresa foi roubada por um esquema criminoso e não lucrou com isso. Não houve reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras. “No acordo, a companhia expressamente nega responsabilidade. Isso reflete a sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação Lava Jato, conforme reconhecido por autoridades brasileiras, inclusive o Supremo Tribunal Federal”, informou a estatal, em nota de esclarecimento. Mas por que a Petrobras é julgada nos EUA? 

Para entender, temos de voltar ao período FHC. Parte do governo tucano, entre os quais o então presidente do Banco Central, Gustavo Franco, defendia abertamente a privatização da Petrobras. Não havia, porém, condições políticas para levar o projeto adiante. A solução intermediária era a venda de ações nos anos 2000 e 2001, como parte do Programa Nacional de Desestatização. Foram leiloadas ações ordinárias (ON), mantendo 55% com o setor público (a União ficou com pouco mais de 50% e o restante era do BNDESpar). Os demais papéis leiloados na Bovespa ficaram, na época, com estrangeiros e brasileiros. 

O passo seguinte era a venda de ações preferenciais (sem direito a voto). Mais de 80% destas foram ofertadas na Bolsa de Valores de Nova York e o restante na Bovespa, sendo uma pequena parte para correntistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ao emiti-las, a Petrobras submeteu-se à legislação americana. Por seguir a disciplina do mercado financeiro em Wall Street, a estatal aumentaria a sua capacidade de captar recursos, dizia o governo. Estávamos na época da Petrobrax e a empresa deveria “sair do provincialismo”.

Embora isso faça sentido dentro da lógica dos mercados financeiros, o que realmente iria determinar a capacidade de captação de recursos seriam as descobertas de novas reservas, em particular o pré-sal, que é um lastro real e poderoso. Assim, no fim do governo FHC, embora controlado pelo Estado, somente em torno de um terço do capital social (preferenciais e ordinárias) estava nas mãos da União. Outros 10% com o BNDESpar e o FGTS. Mais de 30% estavam sendo negociados em Nova York e o restante na Bovespa, onde parte significativa estava nas mãos de estrangeiros.

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https://www.cartacapital.com.br/revista/986/a-petrobras-e-o-alto-preco-da-submissao

Vídeo: Mulher joga cachorro em bueiro e causa revolta nas redes sociais


Uma mulher, de identidade não divulgada pela polícia, jogou um cachorro dentro de um bueiro e causou revolta nas redes sociais, na quarta-feira (17/1). O caso aconteceu no Pedregal, bairro de Novo Gama (GO), a cerca de 40km da capital federal. Em um vídeo, divulgado pela página do Facebook “Radar Santa Maria-DF”, é possível ver o momento que a agressora abandona o cão.

Segundo o comandante da Guarda Civil Municipal da cidade, Iran Silva, ela decidiu fazer isso após o animal arranhar a perna da filha dela de 1 ano e 3 meses, na última terça-feira (16/1). “A agressora nos contou que agiu "por instinto materno", pois o cachorro avançou na filha dela. Depois ela disse que se arrependeu”, conta.

Silva disse ao Correio que o pet não se machucou e passa bem. "O resgate não foi difícil porque o bueiro não era muito fundo”, explica. Um vizinho, que presenciou a cena, quis ficar com o cachorro.

A agressora foi levada ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), enquadrada na lei de crimes ambientais por maus-tratos contra o animal e liberada logo em seguida. Nesta quarta, ela deve se apresentar no Fórum do Novo Gama para que o juiz dê a sentença. 


quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Vídeo: Casal é flagrado fazendo sexo na Central do Cidadão em MS

Um homem e uma mulher foram flagrados fazendo sexo dentro do espelho d’água da Central de Atendimento ao Cidadão em Campo Grande, localizada na rua Marechal Cândido Mariano Rondon.

Um advogado filmou o casal em flagrante, durante a tarde de domingo (14), por volta das 13h30. Os dois estavam sem roupa e teriam passado cerca de 20 minutos dentro da água em plena luz do dia.

Nenhuma autoridade se manifestou sobre o caso.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Leon Tolstoi


Leon Tolstoi (1828 — 1910) foi um escritor no Império Russo.

Além de sua fama como escritor, ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias contrastavam com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

Junto a Dostoiévski, Turgueniev, Gorki e Tchecov, Tolstoi foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

"Dormia no terraço, ao ar livre, e os raios oblíquos do sol matinal me despertavam. Vestia-me às pressas, punha debaixo do braço uma toalha, um romance francês, e ia-me banhar no riacho, à sombra de um bétula que ficava a meia versta de casa. Depois, estirava-me e lia, parando às vezes para contemplar o lilás sombrio da superfície do riacho que começava a se agitar ao sopro da brisa da manhã, ou o campo dourado de centeio que ficava na margem oposta."
Essa deliciosa descrição da juventude do escritor Leon Tolstoi está registrada nas suas "Memórias".
Nascido numa família nobre, em Yasnaia Poliana, na Rússia, em 9 de setembro de 1828, Leon Tolstoi ficou órfão aos nove anos e foi educado por preceptores.
Em 1843, iniciou o curso de letras e direito na Universidade de Kazan. Depois de formado, passou um período em Moscou e logo se alistou na guarnição do Cáucaso, seguindo seu irmão Nicolenka, oficial do exército russo.
No Cáucaso, escreveu o livro "Infância" e a primeira parte de "Memórias". "Infância" foi publicado em 1852 e alcançou grande êxito. Depois de nomeado suboficial, em 1854, Tolstoi voltou brevemente a sua terra natal, mas retornou à vida militar, participando da Guerra da Crimeia.
Em 1856, abandonada a carreira militar, Leon Tolstoi passou a viver em sociedade, ampliando suas relações pessoais. Viajou à Europa, visitando diversos países. Ao regressar, isolou-se em sua propriedade rural, determinado a dedicar-se à literatura. Casou-se nesse período com Sofia Bers, com quem teve 13 filhos, dos quais apenas 10 sobreviveram.
Em 1865, iniciou a elaboração de "Guerra e Paz", uma das maiores obras literárias de todos os tempos. Trata-se de um extenso romance que aborda as guerras napoleônicas e traça um quadro da sociedade russa do século 19.
Em fins da década de 1870, Leon Tolstoi escreveu o romance psicológico "Ana Karenina", que também obteve grande repercussão. Aos poucos suas inclinações voltaram-se para a religião. Leon Tolstoi tornou-se pouco a pouco um cristão evangélico, uma espécie de apóstolo, pregando para os seus. Ao renegar a religião ortodoxa, acabou excomungado pela Igreja.
Suas posições políticas também se radicalizaram, tendendo ao anarquismo. Tolstoi criou uma escola alternativa, para a qual chegou a redigir os livros didáticos.
Suas convicções cada vez mais exaltadas atraíam a atenção de místicos do mundo inteiro. Ao mesmo tempo, ampliava-se sua fama de grande romancista.
Distanciando-se cada vez mais de sua família, Tolstoi decidiu entrar para um mosteiro. Planejou a fuga e, no dia 31 de outubro de 1910, finalmente embarcou num trem, acompanhado apenas da filha Alexandra e de um criado. Com a saúde abalada, foi obrigado a descer na cidadezinha de Astapovo, sendo acolhido pelo próprio agente da estação.
O fato tornou-se público e telegramas e visitas começaram a chegar de toda a Rússia e de outras partes da Europa. Leon Tolstoi resistiu apenas alguns dias, falecendo pouco depois, em 20 de novembro de 1910, em Astapovo.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Movimentos sociais se concentram em Porto Alegre em defesa de Lula


A concentração na data se deve pela avaliação de que o julgamento no TRF-4 começará às oito horas da manhã e deve ser concluído logo após o almoço. Por isso, a orientação da Frente Brasil Popular é que as caravanas devem chegar no dia 23 e permanecer até o posterior.

O ano começou com agitação e combatividade em torno da campanha em Defesa do Direito de Lula ser candidato. Já foram realizadas dezenas de reuniões, coletivas de imprensa, atos e atividades que têm como objetivo ampliar a mobilização que marcará o dia do julgamento.

Cadê as Provas?
Nesta segunda-feira (8), será lançada a campanha Cadê as Provas para demonstrar que não há nenhuma prova contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lançamento de Comitês em Defesa do Direito de Lula ser Candidato
No dia 13 de janeiro, em todo o país, acontecerão atividades e lançamentos dos comitês em defesa da candidatura de Lula. O objetivo principal é ampliar a organização e discutir um calendário de atividades sobre o tema.

Veja a programação completa:
13/01

Dia Nacional de Mobilização em defesa da Democracia e do Direito de Lula ser candidato
18h - Encontro Regional de Mobilização em Palmeira das Missões

20/01

Início do Acampamento dos Movimento Sociais

22/01

Encontro de Juristas em Defesa do Lula
Conferência Internacional dos Partidos de Esquerda

23/01

Conferência Internacional dos Partidos de Esquerda
Manhã - Encontro de Mulheres com Dilma Rousseff e Eleonora Menicucci

Local: Teatro Dante Barone - Assembleia Legislativa do RS

Tarde - Encontro do Fórum Social Mundial

Local: Teatro Dante Barone - Assembleia Legislativa do RS

18h - Marcha em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato

Noite - Início da vigília


Fonte: Frente Brasil Popular

Frei Beto ,sobre política


Perguntaram ao Frei Betto: 
- Porque é que um frade dominicano se envolve tanto na política quanto o senhor? 

Ele respondeu: 
- Porque sou discípulo de um prisioneiro político. 
Que eu saiba, Jesus não morreu de hepatite na cama nem de desastre de camelo numa esquina de Jerusalém.
Morreu como tantos presos políticos na América Latina das décadas de 1960 a 1980: foi preso, torturado, julgado por dois poderes políticos e condenado a ser assassinado na cruz.
A pergunta é outra: que fé cristã é essa que não questiona a desordem estabelecida e ainda canoniza ditaduras e ações bélicas?
É bom não esquecer que Hitler, Salazar, Franco e Pinochet se diziam cristãos...
Além disso, não há ninguém que não se envolva em política. Há quem, ingenuamente, se julgue neutro, isento ou alheio a ela.


*Da página Imagens e História

Em 1984, após 20 anos de ditadura, 300 mil brasileiros foram à Praça da Sé pedir eleições diretas


O Jornal Nacional noticiou o fato como "Uma grande comemoração do aniversário de SP". Devemos lembrar que Roberto Marinho, o fundador da emissora, era comprometido com a ditadura até o pescoço. Afinal, foram os militares que encobriram as irregularidades que marcaram a inauguração da TV Globo, investigada por uma CPI Parlamentar por conta de ter recebido injeção ilícita de capital estrangeiro, no escândalo conhecido como Caso Time-Life.

 E também foram os militares que ajudaram a emissora a se tornar a maior do país, em troca de apoio sistemático ao regime de exceção.

Imagens e História

Patrimônio de Jair Bolsonaro e filhos se multiplica na política


O deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ)e seus três filhos que exercem mandato são donos de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca.
Levantamento feito pela Folha em cartórios identificou que os principais apartamentos e casas, comprados nos últimos dez anos, registram preço de aquisição bem abaixo da avaliação da Prefeitura do Rio à época.
Em um dos casos, a ex-proprietária vendeu uma casa em condomínio à beira-mar na Barra a Bolsonaro com prejuízo –pelo menos no papel– de R$ 180 mil em relação ao que havia pago quatro meses antes.
O filho mais velho do presidenciável, Flávio, deputado estadual no Rio de Janeiro, negociou 19 imóveis nos últimos 13 anos.
Os bens dos Bolsonaro incluem ainda carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski e aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, como consta na Justiça Eleitoral e em cartórios.
Quando entrou na política, em 1988, Bolsonaro declarava ter apenas um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes de pequeno valor em Resende, no interior no Rio –valendo pouco mais de R$ 10 mil em dinheiro atual. Desde então, sua única profissão é a política. Já são sete mandatos como deputado federal.
Bolsonaro, 62, tem duas ex-mulheres (está no terceiro casamento) e cinco filhos. Três são políticos: além de Flávio, Carlos (vereador no Rio desde 2001) e Eduardo (deputado federal desde 2015). Ao todo, os quatro disputaram 19 eleições.
Eles apresentam, como o pai, evolução patrimonial acelerada. Com exceção de uma recente sociedade de Flávio em um loja de chocolates, todos se dedicam agora só à atividade política.
Até 2008, a família declarava à Justiça Eleitoral bens em torno de R$ 1 milhão, o que incluía apenas 3 dos atuais 13 imóveis. As principais aquisições ocorreram nos últimos dez anos.
As duas principais casas do patrimônio de Bolsonaro ficam em um condomínio à beira-mar na Barra, na avenida Lúcio Costa, um dos pontos mais valorizados do Rio.
Segundo documentos oficiais, ele adquiriu uma por R$ 400 mil em 2009 e outra por R$ 500 mil em 2012.
Hoje o preço de mercado das duas juntas é de pelo menos R$ 5 milhões, de acordo com cinco escritórios imobiliários da região consultados pela Folha. Ou seja, teriam tido valorização de pelo menos 450% no período.
À época, a prefeitura já avaliava o preço das casas muito acima, no cálculo para o imposto de transmissão de bem. Para a de R$ 400 mil, R$ 1,06 milhão. Para a de R$ 500 mil, R$ 2,23 milhões.
Sem ser informado do caso específico, o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Rio, Manoel Maia, afirmou que conhece o condomínio de Bolsonaro e que o preço das casas no local não teve variação significativa nos últimos oito anos. "Talvez não tenha valorizado quase nada."
Já levantamento do Secovi-RJ (sindicato das empresas do ramo imobiliário) aponta que houve valorização, mas muito abaixo de 450% –alta de 63% de 2011 até agora.
Reprodução/Facebook
Gerald Brant, Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Shannon O'Neil, no Council of Foreign Relations, em Nova York
Eduardo Bolsonaro (2º da esquerda para a direita) e Jair Bolsonaro, em viagem aos EUA, em outubro
SUSPEITA
As transações que resultaram na compra da casa em que Bolsonaro vive, na Barra, têm, em tese, indícios de uma operação suspeita de lavagem de dinheiro, segundo os critérios do Coaf (Ministério da Fazenda) e do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci).
A Comunicativa-2003 Eventos, Promoções e Participações adquiriu a casa em setembro de 2008 por R$ 580 mil. A responsável pela empresa, Marta Xavier Maia, disse à Folha que comprou o imóvel num estado ruim, reformou-o e vendeu-o para o deputado quatro meses depois, com redução de 31%.
Ela afirmou que decidiu ter prejuízo porque precisava dos recursos para adquirir outro imóvel.
O Cofeci aponta que configura ter "sérios indícios" de lavagem de dinheiro operação na qual há "aparente aumento ou diminuição injustificada do valor do imóvel" e "cujo valor em contrato se mostre divergente da base de cálculo do ITBI", o imposto cobrado pelas prefeituras. Desde 2014, operações do tipo devem ser comunicadas ao Coaf –a unidade que detecta operações irregulares no sistema financeiro.
No mercado, é comum a prática irregular de colocar na escritura valor abaixo do real, com o objetivo de driblar o imposto de lucro imobiliário. Desta forma, registra-se um valor de aquisição menor, com pagamento por fora. Outra intenção da fraude é fazer com que o comprador não oficialize um aumento patrimonial incompatível com seus vencimentos. O Coaf não se pronuncia sobre comunicações recebidas, por questões de sigilo legal.
O presidenciável recebe hoje salário bruto de R$ 33,7 mil como parlamentar (líquido de R$ 24 mil), além de soldo –segundo o Exército, um capitão da reserva na situação de Bolsonaro recebe cerca de R$ 5.600 brutos.
O valor real dos imóveis de toda a família –cinco em nome de Jair Bolsonaro,três de Carlos, dois de Eduardo e três de Flávio –representa cerca do triplo do que a família declarou à Justiça. Não há ilegalidade. A lei exige apenas o informe de bens.
OUTRO LADO
Folha procurou Bolsonaro e seus três filhos desde a tarde de quinta-feira (4) e encaminhou 32 perguntas para as assessorias dos quatro.
Apenas as de Flávio e Carlos responderam, mas de forma genérica.
Flávio afirmou que estava em viagem ao exterior e que ficaria à disposição quando retornar ao Rio, dia 17.
A assessoria de Carlos disse que seu patrimônio é modesto e igual há vários anos.
Folha enviou 13 questionamentos a Jair Bolsonaro, entre os quais se ele considera o patrimônio de sua família compatível com os ganhos de quem se dedica exclusivamente à política. O deputado não respondeu.
Em 2015, a Procuradoria-Geral da República recebeu uma denúncia questionando os valores informados por Bolsonaro em relação às suas duas casas da Barra.
Apenas tendo ouvido a defesa do presidenciável, o então procurador-geral, Rodrigo Janot, mandou arquivar o expediente dizendo que valores eram os mesmos do Imposto de Renda. Janot alegou se tratar de denúncia anônima sem "elementos indiciários mínimos" de ilícito.
A advogada Marta Maia, dona da empresa que vendeu com deságio a casa de Bolsonaro, negou irregularidades.
"Foi tudo feito com depósito em conta", disse. Ela afirmou que revendeu o imóvel com prejuízo de R$ 180 mil porque tinha interesse em outro. "Meu negócio é esse. Pegar uma casa em condições ruins, reformar e revender."
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EM ASCENSÃO
Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família

1988

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Aos 33 anos, o capitão do Exército Jair Bolsonaro é eleito vereador
  • Patrimônio declarado: uma moto ano 83, um carro Fiat Panorama ano 83 e dois lotes de pequeno valor em Resende (RJ)

1990

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • É eleito deputado federal para o primeiro de seus sete mandatos

1994

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Reeleito para o 2º mandato de deputado federal

1998

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Patrimônio declarado: um apartamento em Brasília, outro na Tijuca (RJ) e um terreno em Angra. Seus carros, uma Pajero ano 95, um Gol ano 92 e uma moto

2000

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • O filho Carlos é eleito vereador no Rio aos 17 anos
  • Patrimônio declarado: nenhum

2002

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  • Filho mais velho de Bolsonaro é eleito deputado estadual, no Rio
  • Patrimônio declarado: um Gol 1.0 ano 2001

2006

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Tenta seu 5º mandato a deputado
  • Patrimônio declarado: desaparecem de sua declaração de bens todos os imóveis anteriores

2008

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Disputa seu 3º mandato a vereador
  • Patrimônio declarado: um apartamento na Tijuca e um Peugeot 307 ano 2007
EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Faz contratos de compra de cinco salas em um prédio comercial na Barra da Tijuca, antes mesmo do memorial de incorporação ser assinado

2010

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Patrimônio declarado: R$ 826 mil; volta a declarar imóveis não informados em 2006 e omite a compra de uma casa em condomínio fechado à beira-mar, na Barra
EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Compra mais sete salas no prédio comercial da Barra. Um mês depois, ele vende todos os imóveis a uma mesma empresa

2012

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Eleito pela 4º vez vereador
  • Patrimônio declarado: dois imóveis, um carro de quase R$ 100 mil e uma moto de R$ 50 mil

2014

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • É eleito para o seu sétimo mandato
EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • 3º filho de Bolsonaro a entrar na política, Eduardo é eleito deputado federal
O patrimônio da família declarado ao TSE já acumula: cinco apartamentos, quatro casas, um jet-ski, cinco carros e uma moto

2016

EM ASCENSÃO Evolução do patrimônio dos Bolsonaros acompanha trajetória política da família
  • Em apenas dois anos, Flávio informa ter dobrado seus bens
  • Patrimônio declarado: R$ 1,45 milhão

2017

Pesquisa feita pela Folha nos cartórios do Rio e de Brasília mostra que Flávio e Eduardo adquiriram novos imóveis. Ao todo, Jair Bolsonaro e seus três filhos têm 13 imóveis em seus nomes, cujo valor de mercado é de pelo menos R$ 15 milhões