terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O idealismo de Hegel


Hegel (1770 – 1831) foi o principal expoente do idealismo alemão. Sua obra costuma ser apontada, com frequência, como o ponto culminante do racionalismo. Talvez, nenhum outro pensador tenha conseguido montar, como ele, um sistema filosófico tão completo. Entre suas principais obras estão Fenomenologia do Espírito, Princípios da filosofia do direito e Lições sobre a história da filosofia. Para entender a filosofia de Hegel, é conveniente situar alguns pontos básicos a partir dos quais se desenvolve a sua reflexão. O primeiro desses pontos é o entendimento da realidade como Espírito. Esse conceito, desenvolvido a partir da filosofia de Fichte e Schelling, é ampliado ainda mais em Hegel. Entender a realidade como Espírito, de acordo com a filosofia de Hegel, é entendê-la não apenas como substância, mas também como sujeito. Isso significa pensar a realidade como processo, como movimento, e não somente como coisa (substância). A dialética O segundo ponto básico da filosofia hegeliana diz respeito justamente a esse movimento da realidade. A realidade, enquanto Espírito possui uma vida própria, um movimento dialético. Por movimento dialético, Hegel quer caracterizar os diversos momentos sucessivos pelos quais determinada realidade se apresenta. Nesse exemplo, Hegel ressalta que a realidade não é estática, mas dinâmica, e em seu movimento apresenta momentos que se contradizem entre si, sem, no entanto, perderem a unidade do processo, que leva a um crescente auto-enriquecimento. Esse desenvolvimento, que se faz através do embate e da superação de contradições, Hegel denominou dialética. Embora esse termo apareça já na Antiguidade, com Platão, em Hegel o conceito de dialética se aplica a algo totalmente distinto: não é um método ou uma forma de pensar a realidade, mas sim o movimento real da realidade. Por isso, para compreender a realidade, o pensamento também deve ser dialético. A realidade, para Hegel é um contínuo devir, na qual um momento prepara o outro mas, para que esse outro momento aconteça, o anterior tem de ser negado. O movimento característico, estrutural da realidade é triádico, e eles são comumente chamados de tese, antítese e síntese. 1. Tese – afirmação; 2. Antítese – negação/contradição; 3. Síntese – o novo que surge dos opostos. Hegel os concebe como um movimento em espiral, ou seja, um movimento circular que não se fecha, pois cada momento final, que seria a síntese, se torna a tese de um movimento posterior de caráter mais avançado. Ele explica esse movimento com o exemplo do crescimento da planta, da seguinte maneira: 1 – Inicialmente existe o botão, tese/afirmação; 2 – depois temos a flor, que é a contradição/antítese 3 – da superação da contradição entre esses elementos temos o fruto, que é a síntese, o novo, mas que contém as etapas anteriores em sí. Saber Absoluto Compreender a dialética da realidade, segundo Hegel, exige um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento comum e se colocar do ponto de vista do absoluto. Esse caminho da consciência que se afasta do conhecimento comum e se eleva ao saber absoluto é o objeto de reflexão do autor em sua obra Fenomenologia do Espírito. Hegel compreende esse movimento do real, ou do Espírito que se realiza, como um movimento dialético que se processa em três momentos: 1 - do ser em-si/espírito subjetivo (finito) a consciência que conhece apenas a si mesmo, ou seja, sua subjetividade; 2 - do ser outro ou fora-de-si/espírito objetivo que é a oposição ao espírito subjetivo e consciência da coletividade que se realiza na eticidade da vida política e social, nas leis do Estado. É a consciência realizando-se no mundo da cultura; 3 – e finalmente o retorno, do ser para-si/espírito absoluto (infinito), a consciência voltando-se para si em um autococenhecer-se absoluto, compreendendo-se em sua realização. É o momento que só pode acontecer com a Filosofia, mãe de todos os saberes, o único conhecimento capaz de fazer o espírito ter a absoluta autoconsciência.


Nenhum comentário:

Postar um comentário